quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

.do ano dos aniversários


Acho que todos os dias são dia de algum aniversário nosso. Aniversário de cada coisa que eu já pensei e de cada devaneio que já sonhei. Coisas de que por algum instante eu quis ter ou tive e perdi. Se tudo isto fizesse aniversário a partir da sua data de concepção eu teria muitos aniversários todos os dias, tenho certeza.


Será com quantos anos está aquele meu sonho de infância de servir à aeronáutica está hoje? Já se passaram mais de duas décadas desde que eu era levado ao aeroporto Salgado Filho e de lá da plataforma ficávamos ansiosos esperando "um avião grande, né pai?".

Hoje entendo que tu também está sempre em busca de mais um aniversário, não com a mesma ansiedade de uma criança que espera o próximo brinquedo de aniversário, mas tua percepção é diferente não é, pai. Acho que é com uma sede de agarrar cada ano ainda à sua frente. Hoje, cambaleante tenta apenas manter a cabeça no lugar enquanto o tempo, este eterno aniversariante impiedoso não pára e por tudo o que tu já fez um dia, seja de bom ou de mal, te castiga, te cobra e o mantém aí, como se estivesse soldado ao chão, enjaulado em sua própria existência. Que falta dos velhos aniversários tu sente não é?

Já passaram tantos anos que eu fiz aniversário com tudo o que ainda não tenho que as vezes chego a me envergonhar por ter deixado escapar. A cada aniversário que eu passo eu vejo que mais se aproxima a percepção dos aniversários que quando jovens não sabemos respeitar. Não, não me julgo velho, mas vejo que é irreversível cada noite em claro, cada alucinação, cada precioso gole de cerveja que é sorvida com voracidade diante de um bar de beira-de-estrada, cada beijo e cada briga.

A cada dia eu faço mais e mais aniversários e a cada dia me sinto mais culpado por esquecer de comemorar a todos. Tudo tem se tornado mais real, como o velho sonho que amadurecera e sempre me levou a pensar quando chegaria o dia de eu voltar a fotografar em uma folha branca de papel apenas com um lápis, debaixo de uma sombra qualquer. Ou o velho sonho transformado de desenhar com os olhos mecânicos de uma câmera o cenários impresso na lágrima que escorria do canto do olho da criança que sentia a crueldade do presente urgindo sob seus pés.

E neste ano que se vai, que escorre por entre os dedos em ristes, decidi comemorar pelo menos um dos mais antigos. Quero me imortalizar e deixar meus rastros por aí. Mas não exporei apenas em galerias frias e sem vida debaixo de montanhas de concreto e aço. Eu deixarei meus desenhos andando, costeando e estalando nas encostas escarpadas dos prédios das cidades. Os muros podem ser os teu pés e as paredes da tua cara, minha fachada.

Vou imprimir tuas idéias, vou marcas épocas e também podar tuas flores com os teus poemas, vou numa fada ou nas navalhas afiadas de um tribal celta que se enrolará ao vento como os teus cabelos fazem à luz do sol purificar teu espírito e da tinta fazer minha motivação.

Em 2008 vou celebrar um aniversário e este sem dúvida, tem tudo para ser o mais importante que já comemorei na minha vida.

Feliz Aniversário, SILENT INK | TATTOO STUDIO


sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

.me encontre no corredor em espiral


- ...acho q nunca vou conseguir te conhecer como você me conhece, disse ela.

Não é difícil, mas tem que andar, caso não te importe. Tem uns caminhos mais escuros a serem trilhados, mas é só não ter medo das curvas que seguem logo depois da luz de cada quarto de metro.

Imagine tudo como se fosse caminhar num corredorzinho, a cada 2 ou 3 portas tem um quadrinho dependurado na parede vazia. Logo acima deste quadro uma lampada de halogenio que emana calor e faz cada foto e texto nele descrito brilhar. Passe então correndo e leia cada um deles, ali estão todas as dicas para desenhar quem tu quer encontrar.

Ao final do longo corredor, depois de 5 ou 6 curvas, perceberá que é um espiral que se formou ao longo de tudo e lá no centro, sem porta, sem teto, sem janelas, sem nada, está a salinha e um puff de couro sintético branco ao lado do azul celeste.

- Está tudo arrumado e guardado para ti. Estou esperando, não demore viu?

- Mas o celeste é meu, completou ele com o dedo em riste.

[fragmentos, dezembro de 2007]

quarta-feira, 28 de novembro de 2007

.do acaso, bixo astuto


O acaso, bixo astuto, que sempre nos prega peças e deslisa sorrateiramente por estas noites quentes de verão, nos esconde seus caminhos apagando o sol e fazendo-o mergulhar em meio ao crepúsculo pedregoso.
A escuridão já avançava cortando ferozmente o céu, quando ao longe no horizonte, como se guiado pela lua que lutava para transpor algumas poucas nuvens que faziam o ar ficar pesado passeava um ancião, paciente mas em um passo firme e determinado, caminhava curvado como se a terra o chamasse. Falava baixo, quase discutindo com seus próprios pensamentos e quando as nuvens passaram levantou o olhar e com sua voz trêmula, que agora fluia pouco mais límpida, recitava sua história em versos, cantava sobre uma vida de arrependimentos.

Acabei de pôr meu corpo à toda prova
apenas para ter certeza que ainda o posso sentir
é estranho desligar-se de tudo e concentrar na dor
a única sensação real a qual os olhos não deixam mentir

Como uma agulha que rasga com firmeza a pele tenra
palavras podem fazer grandes marcas em um muro bruto
derrotado, você tentar sobriamente ignorar cada fato
mas no fundo, irá amargamente lembrar-se de tudo

Reescreva tua história, antes que seja tarde
não tente passar por cima de todos só para partir
um dia tu irás ver lá ao longe que todos te deixaram
valeu mesmo a pena chegar vivo até aqui?

Mas se quiser algo de mim, leve tudo, não vou me arrepender
quero que fique com tudo que puder carregar
seja herdeiro disto e contrua sobre ele teu império
mas não venha dizer que quer me devolver

Uma coisa é certa, você nunca terá certeza se fez a tempo
quando tentou descer de um trono de mentiras para aqui ficar
a alma pode ser lavada, mas sempre levará consigo e todos verão
os rastros por onde a tua história chegou a pisar

Mas não te arrependa tão tarde, meu amigo, pois o tempo urge
quem realmente te quer bem, ainda o perdoará
mas de algo eu posso com certeza lhe dizer: eles esquecerão
mas de tudo que tu fez, para sempre tu vai te lembrar

Reescreva tua história, antes que seja tarde
não tente passar por cima de todos só para partir
um dia tu irás ver lá ao longe que todos te deixaram
valeu mesmo a pena chegar vivo até aqui?

Feliz ele sorriu, pois sabia que naquele instante sua missão estava cumprida, seu conhecimento não mais morreria junto com seu corpo. Sua sina se completou e ele como se tomado por um imenso cansaço, deitou no chão sujo, fechou os olhos e silenciosamente partiu.

terça-feira, 27 de novembro de 2007

.estranhos dias


hoje, sem versos, vida
como um céu encoberto, brisa
como um céu sem cores
como muitos amores

como um beijo amargo
que nos faz perder muito
muito longe do rumo de casa
vago pela escuridão

sexta-feira, 23 de novembro de 2007

.da invenção da solidão


Se esvai a luz e me prendo ao tentar enxergar no soturno
como se quase com pressa, me apresso, aperto o passo
me disfarço e derramo nestes versos minha sinceridade
na ânsia, com a alma inxada de cansaço, apago

Em quarto escuro, logo eu, justo eu
me projeto retroiluminado por uma estreita abertura na janela
a lua me invade e eu namoro
amo o brilho dos teus olhos, e recordo

Avanço lento e me deparo com aquele sorriso
me pego em apuros, acoado, e me apaixono
arrasado, flagrago-me em meio a pensamentos derrotados
e assisto a glória de minha insegurança que me caçoa

Em bobas lágrimas em vão te prendo
tu te faz calor-sol e evapora
e vai embora, e me escapa

Em redoma de vidro está tu-ar
que foge pelas frestas e me cerca
enquanto agora confesso já sem pressa alguma:
me fiz prisioneiro no teu seio esguio e não fujo mais.

Nestes versos eu me entrego,
faço e disfarço, descarrego minha incerteza e desesprezo
Por aqui também me recordo, com o coração eriçado
daquele sorriso, há, aquele sorriso lindo

Se me permites, te reverencio minha rainha
te juro lealdade e te exijo
por favor, fique aqui
não vá para onde não te possa seguir

quinta-feira, 22 de novembro de 2007

.ela é do tempo do bob


Vai teu corpo
leva tudo, leva de mim
teu passado todo, consolo
mas e se eu ficar por aqui?

Dizem vai ter a quaresma nesta terra
e que guerra não deve existir
mas se palavras só rimam com escravos
nem flores, nem pétalas, nem cravos
só são bonitas para bonitas rosas de jardim

Já indaguei a mente mas não a alma
quão bonita flor mirei ela ainda ao longe
e desde já veio primeiro a imaginação
de que cor alma teria, se anjo fosse?

E depois? o que eu poderia compôr
já esqueço pois é você quem faz bem isso
posso pôr que te amo,
posso dizer que já indaguei a mente, mas não a alma
mas nada acalma quando chego e percebo
que elegi o amor à frente de tudo.


segunda-feira, 19 de novembro de 2007

.o homem que pintava o pôr-do-sol


a cada palavra completo mais e mais o conto
um dia posto, um dia eu mostro
e aqui ainda posto a história
daquele que vive no sopé das montanhas
e no céu pinta o pôr-do-sol ao seu gosto.

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

.do embrulho de doces


E lá ao longe vinha ela, aproximava-se plácida e lentamente linda como uma manhã clara de um domingo recém chegado estreando as primeiras brisas da primavera. Ele ali sozinho em silêncio, suava frio e se lembrava das antes tão vivas memórias que eram as ansiosas esperas pelo dia de ir ao parque ou então o primeiro dia de aula, e isso era bom.


Tudo era grandioso, da expectativa de chegar ao intenso desejo de devorar o momento, como quando se vai até a confeitaria e se desafia a paciência da vendedora, que com a pinça-de-doces na mão, mergulha em direção a um saboroso pedaço de torta de morangos recoberto por gotas de chocolate ou então um 1000 folhas que nunca cabia no mesmo pacote e parecia suplicar por uma caixa maior, transparente, baixa e de bordas arredondadas.

Seus os olhos embotados de excitação faziam a roda gigante parecer mesmo gigante, os brinquedos hora aterradores, hora incrivelmente atrativos cativavam a atenção. Era isto, um misto de beleza, sedução, encontro e expectativa, de água-na-boca, calafrios, alentos e prantos. Inexplicável.

Não há coração por mais nostálgico que seja que não se renda à dança suave do tecido semitransparente que guardava perigosamente o tesouro diante do bandido deixando passar apenas parte de sua beleza. Não há libido que se aquiete ao sentir o sedoso toque dos cachos recém formados dos cabelos que abrem pequenas frestas exibindo olhos esguios e lábios mordiscados pelos dentes, como de uma parede de madeira que deixa escapar a luz do sol que acabara de nascer.

Tudo parecia tão claro e impedia-o de ver. Ele tateando com a íris sua pele, como o vento que suavemente dobra a esquina numa rua deserta no inverno sentia a respiração dela se aproximar da sua boca lhe secando a garganta e lhe corando a face, finalmente tomou coragem, fechou os olhos e aí sim, com uma precisão atmosférica pôde contemplá-la por inteiro em toda sua explendida beleza. Pode sentir por fim, o suave toque dos lábios da garota algodão-doce que já o tinha dominado e ele nem percebera.


terça-feira, 30 de outubro de 2007

.da desmutação

se fogo
tu um dia te transformar,
eu ar
fundir e tudo se inverter
calor
tu me devorarias lentamente,
queimar
fogo ardendo sob forma peculiar de amar,
amor


domingo, 21 de outubro de 2007

.dos dias


Há dias que parece que o sol nunca irá embora
e outros mais tristes que uma despedida na estação

Isto é a vida, a nossa vida
que quando tudo parece estar indo bem
um dia vira a esquina, como tu me vira também

Acho que cresci muito solto na verdade
por isto sei que a tristesa e a alegria
viajam no mesmo trem

A vida é assim mesmo,
nada é exatamente como se sonhou um dia
Se fechar bem os olhos verás que muitas coisas não vem

Todo o bem e o mal do mundo
parecem caber neste pedaço de papel
quer conhecer o mundo todo?
Olhe, ele está debaixo dos teus pés

sexta-feira, 19 de outubro de 2007

.das noites de insônia


teu maior defeito,
talvez seja a perfeição
tuas virtudes
talvez não tenham solução

então pega o telefone ou um avião
deixa de lado os compromissos marcados
perdoa o que puder ser perdoado
e esquece o que não tiver perdão

e vamos voltar àquele lugar
vamos voltar naquele tempo em que nada nos dividia
havia motivo pra tudo
tudo era motivo para mais...

quarta-feira, 17 de outubro de 2007

.do bixo-solidão


Acho que sofres do bixo-solidão,
sugiro troca pela primavera-alegria
o preço é o quase o mesmo, contudo,
o material é feito de um composto
que lembra a livre-leve-brisa-de-outono
que ao contrário de vento-verão-tempestade não varre,
acaricia!

quarta-feira, 10 de outubro de 2007

.das estações



Se a Primavera enfolha a faia e a seiva os galhos banha,
Se a luz se espelha no regato e há vento na montanha,
Se o passo é largo, duro o esforço e o frio corta o ar
Volta pra mim! Volta pra mim! Diz que é belo este lugar!

Se a Primavera ao campo chega e o trigo está na espiga,
Se branca a flor qual neve brilha e no pomar se abriga,
Se em chuva e sol por sobre a terra perfume há no ar,
Eu fico aqui, não volto não, é belo o meu lugar!

Se for Verão por sobre a terra e à tarde a luz dourada
Mil sonhos verdes derramar nas folhas enlaçadas;
Se verde e fresco for o bosque e o vento for bem-vindo
Volta pra mim! Volta pra mim! Diz que aqui tudo é mais lindo!

Se for Verão e no calor a fruta escurecer
Se a palha é seca, e a espiga branca na hora de colher;
Se pinga o mel, cresce a maça ao vento que é bem-vindo
Eu fico aqui, à luz do sol, pois isso é bem mais lindo!

Se for Inverno, o duro Inverno que mata e campo Cinvade,
Se a noite escura o dia sem sol devora sem piedade
Se o Vento Leste for mortal, então na chuva fria
Vou procurar-te, vou chamar-te, eu volto nesse dia.

Se for Inverno sem canções, se a treva enfim vier,
Quebrado já o inútil galho, se luz já não houver,
Vou procurar-te e esperar-te, até seguir um dia
Contigo pela estrada afora sob a chuva fria!

E juntos para oeste vamos nos encaminhar
E longe, longe encontraremos onde descansar,
Onde tudo já é belo, mesmo quando longe
No dia em que perto, mais belo será nosso lugar!

*JRT-TTT

quarta-feira, 3 de outubro de 2007

.um choro para cada vez que río


Tudo começa exatamente no dia em que vi o meu caminho se torcer, e o destino, este maltrapilho que agora me persegue e me morde os pés, espreitando em cada esquina, esperto, apagava os rastros para que nem eu soubesse como voltar.

Como tela de cinema em um horizonte imponente, céu negro, bem quando eu me abaixava para amarrar os cadarços, nele se ilustravam as cenas e atos que cruelmente diziam que já era hora de acabar o espetáculo e que quem eu procurava eu já tinha encontrado mas que agora, estava partindo.

Será que é minha alma, rabiscada, afiada e errante quem insiste em que se o tempo voltasse eu erraria tudo igual outra vez? Ou meu descompasso que possui um pé surdo, que não ouviu os conselhos que o coração fez?

Como eu queria ter sabido naqueles dias, o que não se podia querer saber, e entender que quando se dança, se corre o risco de ser pisado nos pés.

Queria ter aprendido antes, que não é porque dormimos, que sempre iremos sonhar, tampouco porque o sol raiou, é que já é a hora certa para acordar.

Como seria bom aprender que muitas vezes a melhor resposta pode ser não perguntar: " - Porquê? "! Nem tentar encontrar motivos nas densas noites em que de bar em bar se bebe sem sede.

Acho que fará mais sentido, quando eu aceitar que aprendi a chorar uma vez, por cada vez que eu río. Ou que apenas estou seguindo passo a passo, os rastros do meu destino, até que novamente eu cruze o caminho da outra metade do meu coração!

domingo, 30 de setembro de 2007

.para os que longe estão


estou aqui, estás vendo?
logo aqui ao lado...
tu não estás vendo, ali, ali
refletido naquele garoto parado

estive em todas as partes, de coração alheio
a esquinas, em corredor, em filas e elevador
aquele guri não foi embora... e se foi, nem foi tão feio
pois se sumiu, não foi por muito, saiu e logo veio

prometo voltar, só fui passear

agora de casa nova, novos ares, novos mundos
seja hoje, sempre, aguardo você em cada canto
por favor nao demore, faça-me feliz, conte-me em teu conto
adoro você, que me abraça como malha, tece-me a cada ponto

visite-me aqui, aqui, ali, logo lá
afinal, não demorei nada
e como primavera, só fui passear!

terça-feira, 18 de setembro de 2007

.ainda nos vemos por ai

...na ordem em que tudo ocorreu

FELIZ ANIVERSÁRIO GRÊMIO! 104 anos

FELIZ ANIVERSÁRIO SILENT! 26 anos

FELIZ ANIVERSÁRIO PAMPA! 171 anos

quinta-feira, 6 de setembro de 2007

quinta-feira, 30 de agosto de 2007

.uma moeda para cada milagre



Agora paro por aqui, me deixando levar pelo suave som da água límpida que rebate ao longe, ecoando nas baixas muretas da fonte enquanto o inverno se vai aos poucos, puxando com ele setembro, cobrindo o chão com folhas de um tom dourado pálido em meio a névoa fina que reparte o campo.

Paro aqui, depositando as minhas últimas moedas em forma de esperanças, para os últimos milagres escolhidos dedicadamente, um a um, e percebo que todos estão de certa forma neste emaranhado de sentimentos que só parecem fazer sentido quando estou contigo.

Como se hipnotizado estivesse em frente a um grande cesto de brinquedos, criança que ainda me sinto ao teu lado, escolho a dedo cada sonho pelas formas e cores que mais me atraem e também aqueles que prometem te trazer para o meu lado.

As vezes frente a fonte me distraio e me pego pensando no teu olhar e preso nos teus cabelos, imagino lá adiante um passear ao alvorecer com as mãos trançadas e os sonhos alinhados na altura do horizonte banhando teu rosto com o sol que se vai lentamente no finais-de-tarde que antecedem o verão.

Paro aqui, refletindo como o espelho da fonte repete o céu invertido na fotografia e forjo com toda minha força esta ultima promessa, nesta ultima moeda, e guardo nela carinhosamente todas as tuas superstições e segredos, lembrando que logo estará ao meu lado quem hoje me faz feliz, você.

segunda-feira, 27 de agosto de 2007

.em uma tarde fria perto do início de setembro


Ash nazg durbatulûk, ash nazg gimbatul, ash nazg thrakatulûk
ash burzum-ishi krimpatul.

Estava quente no primeiro momento em que o peguei, quente como brasa, e minha mão se queimou, de tal modo que duvidei que algum dia pudesse me ver livre da lembrança causada pelo seu toque, ainda que mesmo agora eu não vejo lá adiante o momento que irei querer desaparecer com estas memórias, e me sinto grato por ter tornado-as eternas. Apesar disso, no momento em que escrevo, está frio, e parece que encolheu talvez pela ausência da outra metade.

Ao menor roçar da saudade, moldou-se ao meu corpo, me expremendo o coração, quase como um abraço de forma sutil e suave como linho, mas firme e inquebrável como aço, me envolvendo em sua força certeira e sem igual, sem ter perdido a beleza ou a forma.

A escrita que há nele, que no início estava visível como uma chama, já desapareceu, e mal pode ser lida. As letras são de uma caligrafia mágica, pois não há aqui línguas para um trabalho tão sutil; Suponho que seja uma língua antiga, tão antiga quanto os poetas e o mundo, uma vez que é ao mesmo tempo encantada e rústica.

Talvez o Anel sinta falta do calor da outra mão, de sua outra metade, que era tão belo e cintilante quanto um fio de gelo, mas mesmo assim, queimava como fogo; e talvez, se o todo for reaquecido pela presença de sua outra parte, a inscrição fique visível novamente, reacendendo a chama que os criara.

Aguardarei pacientemente para que todas as vezes que a vir, o reencontro seja mais intenso, mais eterno, mais forte e mais mágico. De minha parte, não o tirarei, afim de não danificar as linhas que o destino descorreu sobre mim e ti, e de todos os teus trabalhos até aqui, doce-amor, é o mais belo e precioso para mim.

quarta-feira, 22 de agosto de 2007

.fim do espetáculo


Ultima cena, último ato e os porcos pensam festejar sobre o corpo de um defensor. As cortinas estão prestes a se fechar, e o novo espetáculo já é anunciado. Último suspiro, último delírio, último absurdo antes de tudo se tornar mudo, sem cor, sem rumo, para por fim renascer estrela-brilho-soturno ao lado de um sol de outono.

quarta-feira, 15 de agosto de 2007

.rpm sobre eu e tu!


"e mesmo que tu não saibas o que irá encontrar
ao tentar olhar para dentro de sua própria mente
não se impressione caso você encontre um lugar melhor para ficar..."


Como os tempos se mostram difíceis ultimante, e tu te mostra cada vez incapaz de superar os desafios mínimos que o acaso lhe impõe. Covarde, já não descobriste que se fosse fácil encontrar o caminho em meio às pedras, tantas pedras no caminho não seria ruim? Tu seria água! (eu)

E cá estou eu, sentada em frente a uma lareira... olhando silenciosa o porta retratos que não se cansa de mostrar que ninguém mais é justamente o que se pensava e nem eu, nem tu tem coragem hoje de olhar para trás e dizer que o dia está sendo ruim. (tu)

É esquivar-se categoricamente por meses, por simples medo ou displiscência de dar o ar da graça que é estar com alguém, que é tentar transcender uma barreira invisível que tu mesmo criaste. (eu)

Eu iniciei uma revolução a partir da minha cama, iniciei uma mudança de planos gigantesca e derrepente , após tudo estar aparentemente bem, mudei de novo e cá estou, onde nunca imaginei. (tu)

Isto que sinto hoje, é sentir que estamos prontos para planejar e criar mil planos em volta de um simples suspiro, é saber contornar as situações, é saber que virão tempos ruins como toda primavera sabe anunciar belamente o outono e inverno. O hoje ensaia ao vivo o que é saber que se tudo sobreviver ano após ano, nada será capaz de romper a barreira que criamos para conter o tempo que impiedosamente passa por debaixo dos nossos pés, nos impedindo de sequer saber que desde o momento que nos conhecemos estamos corajosamente nadando sozinhos, abandonados contra um corrente impiedosa que tenta arrastar cada um de nossos corpos para uma margem diferente do rio, mas nem mesmo o beijo sabor mel-amargo, nem os espinhos da flor, nem mesmo as lágrimas são capazes de permanecer para sempre, eles desistem, mas espero que nem eu, nem tu, não! (nós).

Revoluções por minuto sobre eu e tu!

sexta-feira, 10 de agosto de 2007

.acordes da sexta-feira-walk




It's been a month or two since I was sleepin' with you
I'm comin' home again
I've been to east and west, but baby I like best
The road that leads to you

Oh girl, it seems the whole wide world seems to say
Hotels that all look the same
Just seem to drive me insane
But I can't get away
Until I receive a call that tells me that will be all
And then I hop a plane

It's true, I'm not sure if you knew
I'm comin' home to you

Oh girl, it seems the whole wide world seems to say
Hotels that all look the same
Just seem to drive me insane
But I can't get away
Until I receive a call that tells me that will be all
And then I hop a plane

It's true, I'm not sure if you knew
I'm comin' home to you

I'm comin' home to you
I'm comin' home to you
I'm comin' home, baby

terça-feira, 7 de agosto de 2007

.apenas conte suas estrelas, estou em casa novamente!


É como um quadro que cai de repente
eu bato no chão de cansaço e apago
foi como um susto, como um rio, um lema, lama
como o alimento que escapou pelas frestas dos dedos
dos que em vão tentavam me apertar como água, e eu escorri

Eu ouso tecer no tear da memória e vida
insisto em crer que crio e nada sei
que mania é esta minha de inverter a pele
tentando mostrar um lado avesso deste sangue quente
que se mistura ao vento e ao cheiro das compotas vazias

É o emundo, o insensato o sem-nome que chega
é dar a cara para bater
é esticar em agosto com desgosto a mão para a palmatória da morte
que chega sorrateiramente com os prenuncios
de uma nova realidade

Se tu chegaste até aqui, ó cristão, te entregarás facil?
indagou ele, enquanto disfazia seu trilho do prato branco
com fogo brando e mãos trêmulas e úmidas de um suor adolescente

Que fazes para brindar o brio anêmico do meio ano, pouco mais
que queres de charco branco se sequer vê o tempo
se em breve te perdes frente ao relógio
que impiedosamente lhe estala no ouvido
despindo a verdade de que o tempo passa depressa
até mesmo para ti, estúpido.

Acho que já se pode desistir, acabar de tentar rimar hipocrisias
tornando-te fútil verdade,
e isto não é o que a humanidade ainda precisa.
não espere por tempos, nem sorriso cansado
ou tu abandonas as feridas escorridas dos copos de cerveja
ou teu último esboço se esvairá como a chuva
que desce podre pelas calçadas
sem nenhum acompanhamento de melodia

Pode vir agosto, torna-te bravo, torna-te forte
e venha que cá estou eu, brio em mente e valente para te enfrentar
Faça-te vento, me sufoque as narinas, me impeça a visão
porque nunca, nem mesmo hoje
deixarei amizade tardia cair na escuridão.

Cores por todos cantos da casa,
de onde lá na frente brotará minha morada, teu coração
e a morte que vem e colhe o lírio ainda com seiva
nem maduro, nem vazio, nem tão branco
que tampouco mostra esboço seja de bem ou de mal-me-quer

Mas tu que vens despida de agosto puta morte
nem magra, nem morta, nem mente, nem nada
não adianta sorrir e me lamber a face
e mesmo que o faça, não sinto medo quando me abraças
pois eu rio e não caio nos teus braços

segunda-feira, 6 de agosto de 2007

Notocactus linkii var. Buenekeri


Sobre o que é a arte (?) milenar do BONZAI, ou seja, a cultura de plantas em bandejas.
Na verdade a "cultura milenar" não é nada mais ou menos que intencional e conscientemente (?) agredir uma planta, não permitindo seu desenvolvimento natural. É a intervenção criminosa da mão e mente humana. Cultivar (?) o BONZAI significa atrofiar e mutilar uma planta e é castrar um vegetal. BONZAI é como o eunuco, ou a moça de quem é retirado o clitóris, práticas até hoje existente em tribos primitivas no continente africano e asiático, e que são práticas cruéis. A "arte milenar" da crueldade humana está viva nos BONZAIS.
Refletir sobre isto, sobre estes crimes contra a natureza é um desafio!

Rudi Werner Büneker
Naturalista, criador da primeira reserva brasileira de CACTOS.

Foram tantas histórias, tantos passeios pelo nordeste, tantas fotos e cenários vistos que são de causar inveja aos menos atraídos por viagens e aventuras.
O senhor Rudi, fotógrafo técnico, que em mais de 40
anos de profissão fotografou cactáceos em todo País, teve imagens publicadas e catalogadas em revistas alemãs e de outros lugares da Europa. Com sua câmera Canon buscou imagens do povo, da cultura, do habitat e da forma de vida vegetal mais primitiva que se tem notícia. Credor da teoria da evolução mostrada por Darwin, passeamos por diversos lugares, por diversas histórias e a lucidez que as fotos trazem em meio às palavras são impressionantes.

Sr. Rudi, apenas me resta agradecer pelas mais de 6 horas de conversa, histórias e conhecimento.

sábado, 4 de agosto de 2007

.não sei se isto é pecado!


um lugar para uma deusa (tu sabes que isto é para ti!)

oh deus, eu lhe preparei
um lugar no meu coração
entre os trapos e os ossos
e a minha sujeira

alguns pacotes de mentiras
pilhas de ansiendades
que acumulei e conservei
minha vida inteira

comprei wisky importado
preço queijo ralado
para ter algo mais que minha dor
para lhe oferecer

oh deus eu lhe preparei um lugar
no meu coração
mas acho que você
não vai aparecer

não eh um lugar espaçoso
mas no verão eh gostoso
mas algumas velhas amigas
sempre costumam chegar

e quando eh noite de lua
elas dançam semi-nuas
de um jeito que você deus
nao vai acreditar

mas contigo ao meu lado
não sei se isto eh pecado
tenho um certo receio
de poder dar o fora

oh deus eu lhe preparei um lugar
no meu coração
então de uma olhada
e depois vá embora!

eles dizem que você
que tudo sabe e tudo vê
fez da criação urbana sua obra prima
mas deus se foi você quem me criou
então vou lhe dizer
os erros que voces cometem ali em cima

pois para o entendimento
de todo o firmamento
me falta quase 100%
talvez eu seja incapaz

oh deus, eu lhe preprarei um lugar
no meu coração
eu espero que você,
o deixe em paz!

quarta-feira, 1 de agosto de 2007

.el centro de tu corazón


Quem diabos admitiu que tudo está perdido?
eu ainda tenho a oferecer o meu coração!

Tanto sangue que é capaz de criar um rio
mas eu venho diabos a oferecer o meu coração!

Nada será tão fácil, nada será assim
nada será tão simples como eu pensava
não é só chegar e oferecer a alma
que eu entregarei de bandeja, o coração!

É uma lua para os que nada podem
chegar e oferecer o coração!
como um documento inalterável
chegar e oferecer o coração!

Unir as pontas, unir num mesmo laço
me convencer a ir tranquilo, eu irei em forma d'algo
eu direi tudo, direi de coração
algo que me aliviará e um pouco mais
venha por favor me diga, me diga de coração!

como quando nada digo sei que só eu levarei
as ultimas palavras do meu coração

lá longe onde as estrelas nao alcancem
eu irei lá longe oferecer,
irei oferecer, o meu coração!

eu irei longe, oferecer esperanças
e irei lá de longe oferecer o meu coração!

eu falo da vida, falo mesmo que nada
trocaria minha casa,
por simples coração!

mas não admitirei que tudo que esta perdido
não admitirei que me levem o coração!

segunda-feira, 30 de julho de 2007

.do passeio que na segunda faria


manhã pálida contra céu azul-turquesa
sol cálido, preguiçoso mais um dia
corre a cama e invade quarto
me inebria teu cheiro sereno
espero quando voltar lá permaneça
sereno e intacto
nesta noite fria vesti tuas roupas
camiseta preta Led zeppelin de gola esgaçada
calça de moleton largo
lembro como agora, caia tão bem em ti
um dia eu te emprestei e tu sempre usava
quando na manhã seguinte me acordaria
com aquele beijo, sabor beijo-pecado

sexta-feira, 27 de julho de 2007

.da ausência da ausência


Será que é possível perceber quando chega o momento para parar, relembrar e contar a todos tudo que aconteceu? Soa estranho, como um acorde desafinado, tentar contar novidades sobre uma viagem que tu sabes, ainda não terminou. É como estar ainda lá, com o pé na estrada, cabeça na lua e o mundo todo à sua frente e tentar inventar uma parada, mostrar os souveniers coletados pelo caminho à estranhos, curar os calos e lamber as feridas que o tempo lhe deixou de lembrança e logo a quem interessaria a tua história, não estar aí do seu lado para pacientemente ouvir. Mas agora sim, o fim. Justifico dizendo estupidamente que foi isto que estava acontecendo, a ausência da ausência. Mas agora, nostálgico, contar sobre os mais de cem anos de solidão que passam diante dos olhos nesta hora em que senta-se e frente ao bloco de papel ainda pálido, acomoda no colo, se empunha a caneta com a mão direita e embebe sua alma no café, tentando aliviar o estado nostálgico deixado pela jornada. A ausência da ausência é a mais estúpida, e covarde forma de justificar este vazio, este espaço, este monobloco que não teve novas linhas, tampouco pontilhados para serem preenchidos posteriormente. Foram os dias cheios, as horas incansáveis de péle, de cheiro, de bocas e lábios, de toques e desejo que impediram a ausência assumir seu papel.

Mas agora, em um novo parágrafo, tudo voltará a faltar e eu terei tempo para relembrar e te contar tudo outra vez, mesmo que eu saiba que tu fostes a protagonista do que ainda não escrevi.

Obrigado por ter esperado o tempo passar ao meu lado e obrigado por ter querido estar ali esperando junto à porta, justamente na hora em que eu precisava de uma mão para abrí-la, pois eu estava chegando da rua cheio de bagagem-problemas e queixas-fúteis sobre os ombros. Obrigado sorrir enquanto me ajudava a tirar das costas tudo o que eu trazia lá de fora e por me contar com os olhos sobre as magias que usavas para renascer e em no momento-imprevisível me fazer sentir bem-vindo eu teu calor-leito-de-aconchego, tão perfeito quanto quando a vida pede a morte, o azar a sorte. Obrigado, por no meio da madrugada me acordar com um beijo só para dizer que ainda que calada, estavas ali, logo alí ao lado.

sexta-feira, 20 de julho de 2007

.dos olhos de raio-x


A tarde voava, era alta, o dia seguia firme e longe lá fora. As sombras refletidas na pista debaixo dos seus pés denunciavam cada segredo que ele contrangedoramente tentava esconder por entre os dedos das mãos.

O vento gelado que entrava pelos dois vidros abaixados, o do lado dele e do lado dela, lembrava que a encosta da montanha estava úmida e ele apenas aumentou o som e pisou mais no acelerador ainda mais.
- (...)
- Trocou seu destino por qualquer acaso, ...
- Decadanceavecelegance, Decadanceavecelegance - batia nos tímpanos enquanto de óculos escuros ele repetia o uhlalalalala do refrão de forma desafinada e fora de ritmo, mas não parecia estar se importando.

A cabeça-da-semana estava já imaginando a primavera, o encontro e fazendo bater o coração na sincronia de uma mão que move o dialing do rádio procurando uma estação e assim, foi bem na hora que capturou a frequencia que fez o coração dele entrar em sintonia com o dela. Tocou e lá estava tudo dela outra vez, se enrolando nos fios de cabelos que estavam se mexendo ao sabor do vento.

Sentados com as palavras ao lado, foram lançadas uma a uma como adagas, não deixando nada ao seu redor, tudo acabou, sumiu, ao mesmo tempo tanta coisa se amou, se refez, se perdeu, se conquistou.

Queria tentar dizer que não são só fotografias, mas sim retratos estampados do nosso amor, em preto e branco pregados na parede. Mas porque a luz insiste em revelar pra sempre a gente? Nosso orgulho um do outro, olhando pra lente como quem disesse: não queremos mais nada nesse mundo!

E a tarde de sol lá fora, fez com que eu me lembrasse de você, de cada instante que nos faz querer viver tudo outra vez, sentindo cada lance, cada par de romances que fará valer a pena, tenha certeza, pra toda vida...

terça-feira, 17 de julho de 2007

.você nao entenderá, é hora dos sonhos


Do alto da cabine o velho capitão roçava a grossa barba branca com sua mão cheia de anéis, enquanto olhava atento o horizonte tentando avistar uma ponta de esperança, algo que há muito já havia abandonado toda a tripulação, inclusive a ele mesmo.

Em silêncio, ouvia pacientemente cada estalo do convés como se fossem gemidos agonizantes do grande navio, que bravamente botava seu peito frente ao espesso gelo que recobria o chão e lançava-se pelo horizonte até aonde os olhos podiam alcançar. Sabia, com a experiência de um lobo-do-mar, que a qualquer instante os motores não teriam forças suficientes para avançar sobre a imensidão branca que se tornava cada vez mais sólida.

Era próximo das 2 da manhã na fria noite do ártico e o céu ainda estava claro, como todas as noites nos últimos 30 dias e sabia que assim seguiria por outros 60. No porão, iluminado pelos poucos raios de luz que ainda entravam pela pequena janela redonda quase totalmente recoberta pelo gelo, os dois irmãos arrumavam os mantimentos enlatados que haviam desabado das prateleiras desde que a última onda havia atingido o navio, na tempestade que enfrentaram cerca de 800 milhas dali.

Mantinham-se imersos em um silêncio pétreo e sequer ousavam sonhar nestes dias que pareciam não ter mais fim, e não tinham. Mas mesmo assim as lembranças do horizonte do lugar onde viveram quando crianças resistiam vívidas em suas mente. Recordavam das terras férteis, onde a grama era mais verde, o sol mais brilhante e a alegria era abundante como pensamentos de uma criança rodeada de amigos.

Um vento frio soprava forte, castigando quem ousasse abrir a escotilha e subir ao convés, fazendo surgir com brutalidade o arrependimento para tanta sede de riqueza e poder, junto com valor do sacrifício de haver deixado tudo. A água pura já era racionada a poucos litros por dia, o banho fora cortado à 15 e os 3 novatos tentavam esconder os leves, porém evidentes sinais de escorbuto que começavam a aflorar por entre seus dentes.

Agarrados nos últimos fios de esperança de que dias melhores viriam, todos os 16 tripulantes espremeram as pálpebras e abraçados oraram em silêncio cada um para o seu deus, para que toda a cobiça fosse satisfeita, mesmo que esta já não fosse mais de riqueza, mas sim, por uma água fluente e um mar aberto sob seus pés.

Neste mesmo instante o último rugido do casco fora ouvido, os motores falharam e a luz se apagou lentamente. Todos, exceto o capitão, que segurava-se fortemente no timão, foram lançados ao chão violentamente como se tivessem se chocado contra um gigantesco rochedo, e era o que pensavam. A fúria do mar havia vencido, o gelo fechava suas portas.

sexta-feira, 13 de julho de 2007

.capítulo IV


A luz que frustradamente tentava transcender o alumínio da persiana ainda fechada era fraquíssima, apesar da manhã que avançava ferozmente sobre o resto de noite que o clima chuvoso lembrava. Eram 7 minutos passados das 7:35 e a água escorria fluente pelas calhas sem canos lançando-se e espalhando-se no ar, desabando sob os grandes lixeiras que ficavam 7 andares abaixo, ao lado da saída das garagens.

Os olhos semi-cerrados e os músculos do corpo exausto, que repousava silencioso debaixo das cobertas acolchoadas tentando impedir que o frio lhe rasgasse a alma, denunciava o estafante dia que ela teve e que mesmo após uma noite de completo desmaio, somente agora começava a recuperar-se, lentamente.

Deixando escapar um pequeno ponto de brilho da íris clara, inchada de desejo, ela o observava em silêncio deitado ao lado na cama. Era uma manhã onde as vozes saiam disfarçadas por detrás das portas e deixavam claro que não estavam ali sozinhos.

Ao tom ríspido da voz rouca, de recém acordado, um tímido bom-dia foi lançado em meio à mãos, cabelos e suor sem pensar muito no que o dia reservava.

A atmosfera sempre se transformava quando suas almas se tocavam, criando perfeitas ondulações no ar e pela uniformidade do movimento, sob olhar cuidadoso, era possível vê-las em um tom azul neon suave enquanto estilhaçavam-se na parede gélida que o inverno castigava.

Era sexta-feira 13 de 2007, dia-mundial-do-rock, e como numa velha canção a paixão fluía suave nos acordes daquele instante, rechaçando qualquer outro motivo de estar existindo, exceto, eles dois.

+ Feliz dia Mundial do Rock à todos!

quinta-feira, 12 de julho de 2007

.o Bob é da Geral!

Sempre achei que fossem mentiras estas promoções de já manjado jargão: "Escreva aqui...".

É estranho pensar que teremos uma pessoa do outro lado da tela recebendo sua mensagem e em meio a uma ligação telefônica, um café ou uma conversa no msn dirá: "hmm, não gostei" e apagará sorrateiramente sua mensagem desclassificando completamente teu ponto de vista ou tentativa de ir ao lugar ofertado.

Assim foi que aconteceu em todas as promoções que eu já me inscrevi, inclusive a famigerada primeira final da Libertadores da América 2007, que fora feita lá em Buenos Aires. E admito, como queria ter ganhado! Mesmo que esta viesse com uma derrota por 3 gols para os Xeneizes.

Mas com um “sem mais, nem porquê”, visitando o clicRbs resolvo ver a agenda de shows da semana. Ok, Ira! Detesto o nazi, acho ele terrível, tosco e com voz de cachorro engasgado com um osso de petshop, e não sei porque também não me agrada um guitarrista que utiliza o instrumento de ponta cabeça, salvo Jimi Hendrix, único que merecia respeito.

Por fim, já imaginando que nada mais teria ali, um pequeno link me leva a mais uma famigerada promoção e eu atualizo às pressas o cadastro junto ao portal e sem grandes esperanças participo de mais uma destas armadilhas de marketing com a chamada: "Porque você merece assistir ao show da Tribo de Jah?"

Ráaaaah. I-N-A-C-R-E-D-I-T-Á-V-E-L, Ganhei!

Não que seja um grande mérito ir ver um show de Reggae Roots, até me agrada o estilo e ver um grande show sempre é bem-vindo, mas já sei que como um presságio a idéia é absolutamente clara de que não ganharei mais nada, não me sai da mente, não importa o quanto eu tente e por mais geniais que minhas frases sejam, fato: NÃO VENCEREI NUNCA MAIS!

Mas bem, agora não é hora de reclamar e sim, depois de ir ao teatro ontem assistir à peça "Homens de perto", recarregar as baterias da câmera e ir lá curtir um showzinho no mesmo lugar que me traz à tona boas lembranças da minha primeira e última visita, onde vi o retorno de Camisa de Vênus, em uma oportunidade que talvez seja a última respirada do transcendental Marcelo Nova.

Bem, chegada a hora, nos vemos no opinião esta noite, certo?

quarta-feira, 11 de julho de 2007

.d'onde nasce o sol


Existem algumas curiosidades do lado oriental do mundo que não tem como resistirmos, e um dos grandes destaque aqui neste Porto são as imensas variedades gastronômicas oferecidas pela selva de concreto e aço.

Uma das grandes pedidas são as opções servidas no mercado público, não só local onde se encontram estandes com grande variedade de especiarias, produtos coloniais e industrializados dos mais variados tipos e gostos, mas também por possuir ótimos restaurantes.

Esta vez foi escolhido o Sayuri, indicado pelo amigo Robson, uma opção barata para degustar a verdadeira comida japonesa e não os "enlatados" do Nanking servidos no shopping.

Lá vou eu em meio a estranhesa dos nomes solicitar uma indicação de pratos para a atendente, que por pura falta de atenção, esquecemos de pedir o nome. O golpe de katana desta vez fora desferido em uma porção de Maki-Sushi composto por 12 peças, solicitado camarão (Ebi Maki) e salmão (Shake Maki), ao módico preço de R$11,00. Como opção de prato quente/principal um Yakisoba com Camarões, por R$13,00 que tranquilamente serve 2 pessoas.

De um paladar incrível o Yakisoba é uma ótima pedida, já o sushi foi degustado com cautela pela Jú, que aprendera após alguns minutos de treino a manipular os Waribashi (pauzinhos). A foto também denuncia o vinho servido em taças, pois nos escapou da atenção o saquê, que também é apresentado na tenebrosa versão caipirinha. Da próxima nos embriagaremos com este líquido para saber do que se trata ou, pelo menos, saber que gosto têm.

Korekara ressutoran e ikimas.

Armazém e Restaurante Sayuri
Especialidade: Culinária Japonesa
Telefone: (51) 3226-1158
Local: Mercado Público Municipal, sn. Lojas 80 e 82

terça-feira, 10 de julho de 2007

.inverno


vem, vem logo


sejas outra vez minha flor-plena-primavera
dance suave tuas curvas ao carinho do tempo


tatua-te em minha carne em cores de alento
e de presente, quero teu gosto amor, amor
como aquelas memórias, que o último encontro deixou!

quinta-feira, 5 de julho de 2007

.para : Nóia!


Hoje o dia amanheceu estranho, inquieto, e não é o barulho lá fora, mas é o estado de cada coisa que parece não estar no lugar certo. Será que sou eu, deslocado de onde queria estar?

Insistentemente todos vêem as torres dos prédios arrotarem fuligem e poeira enquanto disfarçam-se de transeuntes e firmam sua rota como se fossem formigas em sua trilha de feromônios sem se importar com o que está em sua volta, apenas ocupadas em passar confiança para tudo e todos, inclusive para os que recebem mentiras em suas faces.

Hoje é o típico dia em que eu procuro até mesmo em meus bolsos algo que não sei o que. Procuro no olhar, na vida de cada um para chegar a lugar algum quando torno a lembrar o que eu estou procurando exatamente. Realmente não sei.

Não estou alegre, não estou triste, apenas não estou. Não estou explodindo em alegrias e a vontade é de voltar a tempos de infância, consertar pequenos erros - que às vezes eu lembro que cometi -, pedir perdão alguns segundos antes de ter falado besteiras que chatearam alguém que eu queria perto. Até mesmo para você!

Justamente agora, que tudo parecia estar se encaixando, andando, as rodas do tempo lentamente tomavam direção, o dia amanhece assim, estranho, inquieto. Maldito!

Será o anúncio da minha morte me visitando, que agora pensando que sempre que ela foi me ver, lá estava eu, abraçado em minha sorte fingindo não estar em casa, baixei o volume da música e fiquei em silencio deitado na cama? Que irionia. Mas como será ela será? Num assalto idiota, o sangue frio e brilho febril no olhar do menino louco logo cedo, que proferirá palavras de intimidação em busca do que eu tenho? Quem será num descuido no trânsito, um carro imprensado e lá entre as ferragens a sede matando aos poucos.

Todos estarão pensando como é estranho fala sobre isto, e realmente é, assim como é estranho estar querendo adivinhar o que se está sentindo. Será que todos ao meu redor estão bem? Todos irão com seus dias normais, corriqueiros em direção do trabalho, em direção de outro alguém sem se preocupar?

Queria poder te pedir olhando nos olhos, nunca mais fizeste o que um dia - eu disfarçando te pedi, mas na verdade te implorava -, e tu prometeste que te esforçaria. Isto seria uma limiar ridícula para explodir e o mundo desabar, eu te perderia? Acho que sim. Me perdoarias?

Mas se hoje nada importa, porque dar importância tão grande a algo tão banal, a algo tão insensato. Que bad trip você se meteu e eu junto fui até lá, te puxar de volta, pois também já não me reconheço mais. Vamos voltar?

Ainda tens o sonho de seguir rumo, de mãos dadas com este personagem estranho que em dias como hoje, tenta adivinhar o que está por vir, acuado, cheio de medos e pensamentos ruins? Aliás quando foi a ultima vez que me senti assim e realmente algo ruim aconteceu? Sinceramente não lembro. Coisas ruins aconteceram nestes últimos tempos, mas são tudo obras do acaso ou derradeiras conseqüências de nossos passos de dias atrás. Queria poder evitar.

Tomara que hoje seja apenas o dia da paranóia, procurarei sobre. Apesar de todos parecerem estar tão normais, será que devo concluir que estou vivendo outro calendário. Tomara que então seja só hoje este tipo de feriado.

quarta-feira, 4 de julho de 2007

.this one goes to the one i love


you are my angel
come from way above
to bring me love

her eyes

she's on the dark side
neutralize
every man in sight

I love you, love you, love you...

you are my angel
come from way above

I love you, love you, love you...

terça-feira, 26 de junho de 2007

.tudo isso um dia acaba pra de novo começar


(...) - Somos bravos, somos fortes, nada pode nos parar - grita o capitão com voz imponente do topo da proa, encorajando todos os seus marujos a enfrentar a fúria do mar que põe à prova a resistência do velho galeão no mesmo instante que fecham-se as pesadas cortinas de veludo** verde-turmalina. Fim do terceiro ato.

Será que tudo não passa de uma grande farsa? Tudo não passa de uma grande encenação? Este imenso palco à nossa volta, o ruidoso público que te aplaude, te vaia, sofre e parece querer viver junto contigo cada personagem. Você jura estarem ali, todos logo ali, os mais queridos, atentos, na primeira fila e alguns conhecidos e curiosos pouco mais atrás, todos escondidos detrás da potente luz do holofote direcionado em seu rosto que te ofusca a visão. São todos tão vivos, todos tão reais que você se nega a duvidar ou questionar sobre sua real presença nas confortáveis poltronas-acolchoadas que formam o teatro da vida.

Mas porque não temos acesso ao roteiro completo, a toda história afim de fazermos pequenas adaptações e melhorar o espetáculo. É como se fossemos lendo cada parte minutos antes de entrar em cena e enquanto estamos lá frente ao público, no camarim sob uma luz paupérrima de um candelabro o autor continuasse rascunhando as próximas falas, passos e destinos à bico-de-pena, fundamentando-se em cada expressão facial, gesto e até mesmo erros de script da cena atual.

Acho que sempre será assim e por mais hábeis e atentos que sejamos o destino se encarrega de esconder o que existe lá adiante. É como se tudo fizesse parte de um futuro que ainda no ventre fora meticulosamente traçado só para ti, mas que apesar de toda curiosidade ele permanece inerte, frio e calculista escondido e sob esta forma de noite-escura te envolve, te mastiga e te devora, te empurrando em direção aos mais adversos caminhos enquanto supervisiona cuidadosamente toda e qualquer decisão com olhos de chacal, cruelmente saboreando os últimos segundos da sua presa antes de deflagrar o bote feroz e fatal sob forma de punição pelas escolhas erradas. E o maldito parece se divertir com isto.

São os maus-amigos da infância, são aquelas brincadeiras toscas tarde da noite, os primeiros medos, os primeiros choros, as tristezas, a primeira briga, a primeira paixão. É deparar-se eternamente frente aos velhos problemas que todos tiveram e todos daqui para diante também terão. Questiono-me, por que o conhecimento não é genético, a experiência, a sabedoria, porque temos que sempre reaprender tudo. É tudo tão cíclico, cansativo e mesmo assim estamos vivendo exatamente os mesmos medos que viveram nossos pais, o que muda é o cenário e o nome do personagem. O risco de se perambular por esta terra com 10.000 destinos à sua frente que às vezes nos impedem de agir nos faz temer e errar, tropeçar e cair no chão e de lá, arrasado, com olhos cheios de lágrimas ter de provar da amarga derrota e mostrar a si mesmo que tens forças para novamente se erguer.

E se nos permitíssemos errar mais, sem ter medo das retaliações ali adiante? Acho que vou me permitir ser mais cão, menos humano. Ser mais tolo, mais feliz, mais brincalhão, mais preguiçoso, mais satisfeito simplesmente por me jogar num lago em busca de uma vareta ou então silenciosamente adormecer sob o chão debaixo de meus pés. Vou explodir de alegria sem pensar, correr em busca dos meus sonhos, caçar vagalumes, olhar o sol, acompanhar a chuva que escorre pelo vidro da janela, te trazer para perto e tentar te fazer infinitamente feliz. Quem sabe o roteirista não se comova?

Definitivamente, vou me permitir arriscar. Vou sem motivo aparente correr atrás de carros invisíveis, esperar no portão com rosas em um dia corriqueiro que parecia não guardar mais nada de especial, chegar de repente arriscadamente de uma viagem louca só para ao pé do teu ouvido te confessar o sonho que se solidifica a cada instante. Quero outra vez ver o filme de sua vida passar diante dos seus olhos e ser abraçado por aquela garota tomada de alegrias, que transbordava pelo olhar sonhos-afetuosos como as pétalas-de-rosas que ainda presos aos botões formavam o buquê!

Vou contando os dias, atuando, vivendo, já quase com pressa para que se fechem novamente as cortinas e eu ganhe um novo script da peça, que já sonhei ter uma personagem para contracenar.

**Não chames de crueldade a sutileza de quem pouco a pouco está à conhecer tudo seu!

segunda-feira, 25 de junho de 2007

.sobre os dias que virão!

Into your heart I'll beat again
Sweet like candy to my soul
Sweet you rock and sweet you roll
Lost for you I'm so lost for you
You come crash into me
And I come into you
Like in a boys dream

quinta-feira, 21 de junho de 2007

.o dia em que eu me neguei a morrer


As saudades que agora se prendem rasgando minha alma
refletem timidamente o abandono de um campo no outono

Não existem momentos de sossego
em meio uma rebeldia, ódio e amor, sem amores

As ilusões brutas de puro conformismo tenta em vão levantar um espirito nostálgico
de querer sempre estar contigo e nunca estar.

Mas outra vez voltarei à estas terras sangrentas e cruéis
voltarei outra vez borracho, como quem te ama, borracho de amor e liberdades

As palavras e vozes que refletem meu estilo duro
não permitirão rir de nada e mesmo quando sozinho, não rir nem para mim

Mas verás o resurgir de um poderoso guerreiro
sem medo da tristesa ou prantos

Verás cair uma, duas, mil vezes se necessário e levantar-se de novo
com a bandeira em punho riste e olhos mariados de orgulho

Já sinto saudades de amor
Sentirei saudades de amor e loucuras

terça-feira, 19 de junho de 2007

Refuse / Resist


Chaos A.D.
Tanks On The Streets
Confronting Police
Bleeding The Plebs
Raging Crowd
Burning Cars
Bloodshed Starts
Who'll Be Alive?!
Chaos A.D.
Disorder Unleashed
Starting To Burn
Starting To Lynch
Silence Means Death
Stand On Your Feet
Inner Fear is Your Worst Enemy

Refuse/Resist

sexta-feira, 15 de junho de 2007

.seja bem-vinda senhora morte


Ando aqui relutante e largado, ouço meus próprios versos tal qual criança-morte lambe a sorte e passeia no parapeito de um arranha-céu ignorando inocentemente a vertigem e queda, mesmo já tendo caído uma vez.

É estranho sobreviver aos finais-de-tarde de garras-de-aço que me fatiam em mil pedaços cada vez que a certeza de que não vou conseguir te ver outra vez chega. Tudo já me faz reavaliar o sacrifício de haver-lo deixado todo, mesmo que tudo tenha acontecido bem antes.

Degustando o amargo gosto da estrada-morte, sinto o cheiro das cores dos outdoors que estampam ridiculamente as vias públicas e de forma sofrível admito, lembram você. É o todo traduzindo poeticamente o sangue deixado para trás enquanto me arrasto e me esfolo no asfalto ainda úmido da última chuva. São lágrimas de um céu roxo, antiquado e estúpido que me saltam à face e a cada instante afirmam a dura verdade de que nada mais poderá mudar isto que passou, fui eu mesmo que tracei este caminho e aqui estou.

Saudade-solidão, animal silencioso e astuto, um sentimento moribundo atendo a qualquer movimento te segue minuto a minuto te matando lentamente com uma suavidade angelical enquanto ninguém está te olhando.

Quando se caminha em silêncio na contramão da calçada desviando apenas de alvos óbvios você percebe que mesmo de olhos fechados nada lhe atinge, todas as pessoas desviam mesmo que você não tenha uma reação semelhante. Se simplesmente não se interpor no caminho de alguem, ela passará como todas as outras e eu não deixarei isto acontecer.

Engraçado é ver eu jogado aos seus pés para chamar tua atenção, me imaginar caminhando em sua direção com rosas vermelhas para lhe arrancar um sorriso e roubar-lhe um beijo ou simplesmente digitalizar meu amor e tu receber meu íntimo sentimento de querer-te por perto.

Queria ter uma máquina do tempo, queria parar o universo enquanto estivesse ao seu lado e acelerar a galáxia toda até que você voltasse à entrar em minha órbita. Garota-estrela, tens o brilho que eu ainda não tinha encontrado em outros olhos, tens o calor e a magia das noites quentes de verão que me fazem querer voltar correndo para os teus braços. Tens tudo e muito mais que eu sempre quis, assim como eu te ofereço tudo meu, mesmo não tendo certeza que será o suficiente.

Mesmo à milhas longe de você, fecho os olhos e sonho acordado em um dia te convidar para caminhar descalça suavemente sob pétalas brancas e rosa-champagne que recobrirão o chão e você com um sorriso estampado no rosto refletindo uma tímidez infantil linda, e de mãos-dadas te guiaria em direção à dias melhores que já vejo, estão lá a diante.

Aceitas?

quinta-feira, 14 de junho de 2007

.today even the wind cries


After all the jacks are in their boxes
And the clowns have all gone to bed
You can hear happiness staggering on down the street
Footsteps dressed in red
And the wind whispers mary
A broom is drearily sweeping
Up the broken pieces of yesterdays life
Somewhere a queen is weeping
Somewhere a king has no wife
And the wind, it cries mary
The traffic lights, they turn, uh, blue tomorrow
And shine their emptiness down on my bed
The tiny island sags down stream
cause the life that lived is,
Is dead
And the wind screams mary
Uh-will the wind ever remember
The names it has blow in the past?
And with this crutch, its old age, and its wisdom
It whispers no, this will be the last
And the wind cries mary

quarta-feira, 13 de junho de 2007

.abraçado na tristeza

Ainda escrevo um livro, mergulharei no tema da solidão ainda que isto eu já venha prometendo à muito tempo.

Terça-feira, 12 de Junho de 2007. A cidade wolverine não é a mesma, a cidade que já é tão tristonha em datas menos inóspitas ao coração, em vão, condiciona-se a erguer verticalmente estampando o horizonte seus altos prédios que tentam arranhar a barriga do céu-cinza, quase noite-escura.

Caminho lentamente até o curto alambrado aguardar um ônibus que me arrastaria em silêncio até em casa implorando que o fizesse o mais rápido possível e me tirasse logo dali. Recosto-me em um pilar que desafiava o vento e me sussurrava segredos de corações partidos e tantas outras histórias que por anos ele já guardava.

Frente ao dia-do-abandono não existem alegrias, frente ao dia-do-abandono há quem sorria e passeie com uma flor espremida por um punho em riste estampando um sorriso que deveria ser alegre, mas talvez refletindo meu próprio espírito eu o via triste. E assim cruzaram em minha frente dezenas de faces amarradas com seus olhares vazios e saudosistas mais parecendo velhos anciãos caminhando curvados como se a terra os chamasse.

É hoje, 12 de junho, onde celebra-se o dia do amor, dos apaixonados, dos loucos para admitir que amam alguém e por todos aqueles que neste mesmo dia iriam brigar e se separar, para mais tarde debaixo de um cobertor fazer as pazes ou nunca mais voltar.

Era a pintura em cores versus a moldura cinza, eram as chamas de um fogo vivo chorando ao não serem percebidas sob a luz do sol. Eu fiquei a esmo em meio aos dois universos que estão constantemente separados por uma fina cortina de fumaça que permitem ver o outro lado. De um enxergava as pessoas alegres rumando em direção à sua outra parte, do outro as gargantas estranguladas pela tristeza carregando a solidão montada nas costas - e era assim que me sentia.

E quantos que por ali passaram e viram com este mesmo olhar o garoto dividido, incompreendido, querendo arrancar com as unhas as lágrimas de dor da distancia justamente no dia da celebração do amor - que finalmente agora sinto-?.

Como após lançar uma piada sem graça, num palco sem público, ssem gargalhadas, saltei do ônibus, fechei o casaco e apertei o passo. Andei desconsolado dançando por entre os carros como um cachorro otário querendo você perto baby, para poder dizer que lhe amo olhando nos olhos e me ver refletido em você.

*Feliz final-de-tarde do dia dos namorados, baby

segunda-feira, 11 de junho de 2007

.rocking chair

"...e justamente eu, que pensei que a velha cidade não guardava mais nenhuma surpresa para mim!"

**Feliz Dia De Los Enamorados! gus 12.06.2007

quarta-feira, 6 de junho de 2007

.Bendito sea el momento en que volvamos a verte!

Que nesta noite, o sangue que escorrerá seja resultado de muita garra
e com a mão no caneco para o jogo de volta cantemos vitoriosos.

Que todo esforço na cancha e os allentos sejam lançados aos 4 ventos
e que nossa barrabrava seja protegida pelos imortais que lá do céu cantam junto comigo.

Benditos sejam nossos guerreiros que serão recompensados pela vitória.
Benditos sejam nossos hinchas que debaixo dos alambrados cantarão incansavelmente em plena batalha.

Que hoje valha cata chute, cada cotovelo, cada drible.
Que hoje nos tornemos maiores, que cada dia nos tornemos mais!

Custe o que custar, amém!

terça-feira, 5 de junho de 2007

.camaleão

Eu que ando abandonado, largado, solto de velhos e malditos hábitos que havia retomado, agora se foram outra vez ao mesmo instante que abriam espaços em mim para outros que retornassem.

Tudo tem de ser explicado, tudo tem de ser revisto e eu apenas querendo ser mais objetivo, ser mais encrustado frente a falsa arte de confeccionar um texto-corpo-silhuetado por luzes direcionais, sombreados com palavras embebidas em brilho orvalho-fresco.

Queria ser hábil o suficiente com pena-nanquim o quanto imagino ser em tantas outras pequenas formas que me traduzem no que sou, e funcionam!

Penso que toda de chata-explicação pode ser encontrada no estado de espírito que se vive. Paro, olho o passado, vejo minhas mais sinceras composições tinta-versadas, encenadas em palcos de solidão-tristesa. Não que seja sempre necessário, mas esta tão cruel forma de ser nos torna mais capazes de sentir a atmosfera cinza-insensata que nos recobre dia após dia. Capacidade esta que instantaneamente some ao nos depararmos em um estado mais leve de estar, e estou.

O sofrimento vêm para nos tornar melhores mas traz também consequencias que imprimem velocidades de absurdo-desejo como bomba têm de beijar o chão e isto tudo nos faz tão mal, e nos fazia tão mal e eu nem percebia.

Cansado do cansaço solitario de caminhar por este sentimento egoísta de querer cuidar de outro ser, esculpindo-o em palidas-pétalas e abstratas-formas enquanto pouco a pouco nos esquecemos por ai a cada instante, largados gritando a esmo em mesas de bar algo sobre teorias etílicas que revolucionariam o sentimento amor-solidão me questiono se cuidar então é flagelar alma-própria esta que tanto deveríamos proteger e cuidar? Porquê?

Queria eu sinceramente entender de tudo isto, do amor e tantos demônios. Queria saber produzir bons textos-corpo-silhuetados por luzes direcionais sombreados com palavras embebidas em brilho orvalho-fresco. Eu, que já não ando tão abandonado, tão largado, tão solto de velhos hábitos que há muito não retonavam mas que agora me preenchem outra vez em lugar àquelas sensações-cinzas dos dias que se foram.

domingo, 3 de junho de 2007

.me chama, me chama!


ohh the it happend one night looking in her eyes
ohh and i popped the question
and much to my suprise..

she said yes

and i said wow
and she said when
and i said how about right now
love cant wait
then i asked if she believed in fate
she said yes


quarta-feira, 30 de maio de 2007

.amém, mano



"Que venha essa imortalidade em que os torcedores tanto acreditam, e que ela ajude os nossos mortais jogadores.
Contra o Santos, não podemos abrir mão de nada
", disse.

- Mano Menezes -

terça-feira, 29 de maio de 2007

.intrépidos imortais fitando a cidade indócil


Bom dia, mensagem de madrugada, feliz, sorri, acorda, trabalho, e-mails, almoço, trabalho e casa. De volta à bombonera logo foi facil dizer um olá para quem não sai da minha cabeça. O Dane veio logo depois bem como o Fly que anda emo, já que perdeu o W. Todos à postos e um plano absurdo começa a ser traçado.

Quando quatro mentes se juntam a tendencia é de que saia uma boa idéia, mas quando o lema é "tudo certo pra dar errado (logística zero)" algo de muito estranho está sempre prestes a acontecer.

Segunda-feira 20:00hs, um carro rumando em direção ao Olímpico para ver se já existe algum movimento nas bilheterias, tudo vazio. Noticias anunciam 13 mil ingressos vendidos em 10 horas, um bom número mas confesso que já vi mais e os Borrachos da Geral inconscientemente já no emaranhado de acasos que rondavam o plano infalível iniciam sua execução.

Relógio desperta às 4:30hs, rapidamente constato temperatura de 3° nas ruas da Cidade Wolverine que ferozmente nos ataca com rajadas de vento de seu soturno inverno. Banho, um rápido café para tentar acalentar os nervos que já andam saltando às ventas, seja de males duplos do coração (aqui fica subentendido meu mais novo mal) ou pela ansiedade do embate.

SMS de sincronização e já são 5:15 da manhã estampando um céu negro com o sol que parece se negar a ficar em posição de apresentar-se para escalar as montanhas de concreto da nefasta Porto-Fria-Alegre e já estamos em 3 encostados nas muretas do Glorioso Olímpico Monumental.

O rádio anunciava que a temperatura se mantinha baixa e começam algumas médias de todo o País (Rio Grande do Sul). Serra gaúcha neve, POA 3°, Passo Fundo 1 grau, Erechim, a saudosa cidade natal dos dois imortais ali plantados 1 grau. Nos proximos minutos para total espanto a retificação da temperatura em Erechim, que agora é registrada como zero grau e minutos depois -1°. Sim senhor, quando eu digo que esta temperaturazinha não é frio de verdade me chamam de louco, mas congelar os canos das torneiras é algo que me faz reviver os dias de infância enquanto eu caminhava mais parecendo um esquimó pelas ruas em direção ao colégio em meio a geada que recobria os telhados e jardins.

Depois de algumas horas, tudo começa se tornar chato e cansativo, mas falta pouco para que nós, os primeiros da fila, adquiríssemos o tão esperado passaporte para a cancha. Na ordem: uma garota à qual ninguém sabe o nome, dane e silent. Em questão de mais 30 minutos junta algo em torno de 50 pessoas para acompanhar os momentos decisivos da abertura das bilheterias que desde ontem já anunciavam: Ingressos para Estudante, esgotados.

Tudo parece demorar, as horas não correm, milhares de assuntos passaram por nossas mentes, dezenas sairam boca afora e outros tantos quase encenados. 7:30 começa a movimentação de montagem das barreiras com grades de ferro para direcionar a compra que só tendia a aumentar pois neste horário já éramos quase 500 pessoas que queriam assegurar a entrada na partida.

Após o anúncio de que todos deveriam estar com suas identidades ou documentos equivalentes em mãos a garota que ali estava a uns 15 minutos antes que nós, não sabendo do esgotamento de ingressos estudantis, verifica que somente porta a carteira da universidade. Minutos se passaram, as vendas estavam para começar eu converso com o Dane e decidimos soliedariamente revender 1 de nossos 4 futuros quatro bilhetes à ela, uma vez que já seria reserva para uma possível emergência. A alegria estampada no sorriso foi supreendente, e a incrivel frase disparada com maestria: "Muito obrigado, mesmo, somente um gremista para fazer isto por outro!". Ingresso negado (dela), ingressos comprados (nossos) e logo ali após sair grade afora a entrega e a imensa satisfação de ter mais um borracho, neste caso, uma Geraldina na cancha!

Senhores, todos os caminhos levam ao monumental
nem chuva, nem vento, nem frio é capaz de calar a Geral.

domingo, 27 de maio de 2007

.do passado



3:26, abro a última cerveja.

À exatos 13 minutos e 22 segundos de 5 dias atrás você me acordava. Me despertava de um sono profundo e terno, ao seu lado, sem sonhos, sem medos, sem remoso, quase verso.

Era tu quase tudo sonho e eu feliz estava.

Você ao meu lado nua, seja letra, seja flor, era você! Alma-sofia, sonhando em ser lapidada ao bel-prazer do venenoso e insólito sabor do desejo que conjugado, acordaria junto comigo e aqui estou, implodindo, formando lava, tal qual vulcão que se mostra em 2 partes: metade amor e a outra metade, também.

Que devo fazer pra te manter longe, se me maltratas, eu gosto. Sofro tal qual cão horrendo correndo atras de carros invisíveis, otário, me fazendo esquecer que Porto, já não tão alegre, é a cidade do pecado e fim.

Porque te mostras nas curvas de todas mulheres do mundo, se nenhuma se iguala a você? Porque?

Se ao amargo gosto que sinto em te sentir longe, me faz tão triste, porque a cruel dor da distancia insiste em me lembrar que não estás aqui entre nossos corpos em forma pura tal qual beijo melancolia de te ver, me faz imensamente triste, quase feliz!

Como é possível te esquecer, te apagar, se tu te gravou em marcas intransponíveis quando a exatos, 19 minutos e 47 segundos de 5 dias atrás você me acordava, no meio da madrugada para me fazer feliz!

sexta-feira, 25 de maio de 2007

.el desdichado


Eu sou o Tenebroso, o Irmão sem irmão, o Abandono, Inconsolado, o Sol negro da melancolia. Eu sou Ninguém, a Calma sem alma que assola, atordoa e vem no desmaio do final de cada dia. Eu sou a Explosão, o Exu, o Anjo, o Rei, O samba-sem-canção, o Soberano de toda a alegria que existia. Eu sou a Contramão da contradição que se entrega a qualquer deus-novo-embrião, pra traficar o meu futuro por um inferno mais tranquilo. Eu sou Nada e é isso que me convém, Eu sou o sub-do-mundo e o que será que me detém? Eu sou o Poderoso, o Bababã, o Bão! Eu sou o sangue, não! Eu sou a Fome! do homem que come na brecha da mão de quem vacila. Eu sou a Camuflagem que engana o chão, a Malandragem que resvala de mão em mão, Eu sou a Bala que voa pra sempre, sem rumo, perdida. Eu sou a Explosão, o Exu, o Anjo, o Rei, Eu sou o Morro, o Soberano, a Alegoria que foi a minha vida. Eu sou a Execução, a Perfuração, O Terror da próxima edição dos jornais que me gritam, me devassam e me silenciam. Eu sou Nada e é isso que me convém, Eu sou o sub-do-mundo e o que será que me detém? trick, track, plaw, plaw, plaw, plaw, plaw! o que será, o que será, o que será...

quarta-feira, 23 de maio de 2007

.tricolor como meu coração

Porto Alegre, 22 de maio de 2007. Num fim de tarde chuvoso onde o trânsito insistentemente se mostra caótico em determinados horários, principalmente no rush das 18 horas, eu quase atrasado tento chegar até o Shopping Total seguindo as notícias publicadas no site do Grêmio sobre o evento de lançamento da nova coleção de camisas de jogo e treino do nosso Imortal Tricolor que aconteceria as 19:30hs.

Várias pessoas, visivelmente torcedores de fé como eu e vocês, vestidos em seus mantos, chapéus, cata-ovos e gorros já estavam dispostos em frente às portas da Tronicx, casa noturna que fica no estacionamento do shopping aguardando alguma notícia sobre o evento.

Como diz a música, "passam os anos, passam os jogadores", neste caso Itaqui que viria posteriomente vestir a camiseta Azul Celeste entra no recinto, ato este que nos é negado pelo fato de só serem autorizadas pessoas com convite. Não havia no site sobre convites, nada sobre evento fechado, nada sobre nada enquando a chuva apertava e os seguranças julgavam erroneamente que abandonariamos o lugar. Nada, todos cantando baixinho musicas da Geral do Grêmio não querendo participar do evento social, mas conhecer em primeira mão as novas armaduras que servirão de proteção aos nossos guerreiros.

Eis que surge então em meio aos cerca de 40 gremistas que lá estavam o nosso glorioso Presidente que nos concede após alguns minutos que deixem entrar os sócios com carteirinha, e lá estou eu, vendo os Grandões da Cidade de terno e gravata, cara lambida e muita grana para gastar.

Eu, chinelão, molhado, camisa celeste no peito, camera na mão e um moleton e mochila ensopados perdido em meio aos canapés que passavam em grandes bandejas prateadas. Champagne era servida aos convidados que já se acomodavam nas mesas quando o borracho aqui aborda um garçon e sem perder a compostura diz: "me vê uma cerveja!". Hahahahaha, oportunidade esta que eu não poderia perder né.

Mas vamos ao que interessa, os novos mantos. Entram as modelos vestindo roupas belíssimas que se fossem comercializadas teriam grande giro no mundo feminino e logo depois os jogadores.

Camisa do goleiro: Em um tecido preto, talvez o tal USP, que possui tanta tecnologia que nem consigo citar aqui, com letras impressas em dourado e detalhes nos ombos (como em toda a linha) na mesma cor. Muito bonita, apreciadores de camisas assim com certeza farão uma grande aquisição.

Camisa branca: Melhorando em 100% sobre o atual modelo, que era feita em um tecido estranho, agora possui um design mais moderno e arrojado, toda branca, com puma em dourado, detalhes em azul que a deixam muito elegante.

Camisa azul celeste: Na minha opinião a mais bela de todas, muito parecida com a camisa da Seleção do Uruguay, traz detalhes em preto, que a tornam mais sóbria, contudo muito bonita, talvez a melhor de toda a linha lançada.

Camisa Tricolor: Esta, como não poderia deixar de ser me causa uma certa estranhesa, como a lançada para temporada 2006 que trazia uma manga cada cor, desta vez retorna o modelo tricolor tradicional mas os detalhes em branco logo acima dos ombros me deixam um pouco desconfiado.
Quem sabe com o passar dos dias ela se torne menos agressiva ao primeiro olhar, o branco realmente não caiu muito bem em cima do tricolor que possui faixas em preto levemente mais estreitas que as azuis.

A gola: Em todas camisas melhoraram muito em relação a atual gola em chave { (simbolo matemático) pois a tornam mais resistente lembrando muito os modelos confeccionados pela adidas em 2005/2006.

Bem, agora nos resta torcer, hoje é dia de guerra, hoje é dia de batalha. Força Grêmio, te sigo onde for, tu és meu único amor**!

** Vc sabe o que eu quero dizer ;)