segunda-feira, 27 de agosto de 2007

.em uma tarde fria perto do início de setembro


Ash nazg durbatulûk, ash nazg gimbatul, ash nazg thrakatulûk
ash burzum-ishi krimpatul.

Estava quente no primeiro momento em que o peguei, quente como brasa, e minha mão se queimou, de tal modo que duvidei que algum dia pudesse me ver livre da lembrança causada pelo seu toque, ainda que mesmo agora eu não vejo lá adiante o momento que irei querer desaparecer com estas memórias, e me sinto grato por ter tornado-as eternas. Apesar disso, no momento em que escrevo, está frio, e parece que encolheu talvez pela ausência da outra metade.

Ao menor roçar da saudade, moldou-se ao meu corpo, me expremendo o coração, quase como um abraço de forma sutil e suave como linho, mas firme e inquebrável como aço, me envolvendo em sua força certeira e sem igual, sem ter perdido a beleza ou a forma.

A escrita que há nele, que no início estava visível como uma chama, já desapareceu, e mal pode ser lida. As letras são de uma caligrafia mágica, pois não há aqui línguas para um trabalho tão sutil; Suponho que seja uma língua antiga, tão antiga quanto os poetas e o mundo, uma vez que é ao mesmo tempo encantada e rústica.

Talvez o Anel sinta falta do calor da outra mão, de sua outra metade, que era tão belo e cintilante quanto um fio de gelo, mas mesmo assim, queimava como fogo; e talvez, se o todo for reaquecido pela presença de sua outra parte, a inscrição fique visível novamente, reacendendo a chama que os criara.

Aguardarei pacientemente para que todas as vezes que a vir, o reencontro seja mais intenso, mais eterno, mais forte e mais mágico. De minha parte, não o tirarei, afim de não danificar as linhas que o destino descorreu sobre mim e ti, e de todos os teus trabalhos até aqui, doce-amor, é o mais belo e precioso para mim.

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