segunda-feira, 30 de julho de 2007

.do passeio que na segunda faria


manhã pálida contra céu azul-turquesa
sol cálido, preguiçoso mais um dia
corre a cama e invade quarto
me inebria teu cheiro sereno
espero quando voltar lá permaneça
sereno e intacto
nesta noite fria vesti tuas roupas
camiseta preta Led zeppelin de gola esgaçada
calça de moleton largo
lembro como agora, caia tão bem em ti
um dia eu te emprestei e tu sempre usava
quando na manhã seguinte me acordaria
com aquele beijo, sabor beijo-pecado

sexta-feira, 27 de julho de 2007

.da ausência da ausência


Será que é possível perceber quando chega o momento para parar, relembrar e contar a todos tudo que aconteceu? Soa estranho, como um acorde desafinado, tentar contar novidades sobre uma viagem que tu sabes, ainda não terminou. É como estar ainda lá, com o pé na estrada, cabeça na lua e o mundo todo à sua frente e tentar inventar uma parada, mostrar os souveniers coletados pelo caminho à estranhos, curar os calos e lamber as feridas que o tempo lhe deixou de lembrança e logo a quem interessaria a tua história, não estar aí do seu lado para pacientemente ouvir. Mas agora sim, o fim. Justifico dizendo estupidamente que foi isto que estava acontecendo, a ausência da ausência. Mas agora, nostálgico, contar sobre os mais de cem anos de solidão que passam diante dos olhos nesta hora em que senta-se e frente ao bloco de papel ainda pálido, acomoda no colo, se empunha a caneta com a mão direita e embebe sua alma no café, tentando aliviar o estado nostálgico deixado pela jornada. A ausência da ausência é a mais estúpida, e covarde forma de justificar este vazio, este espaço, este monobloco que não teve novas linhas, tampouco pontilhados para serem preenchidos posteriormente. Foram os dias cheios, as horas incansáveis de péle, de cheiro, de bocas e lábios, de toques e desejo que impediram a ausência assumir seu papel.

Mas agora, em um novo parágrafo, tudo voltará a faltar e eu terei tempo para relembrar e te contar tudo outra vez, mesmo que eu saiba que tu fostes a protagonista do que ainda não escrevi.

Obrigado por ter esperado o tempo passar ao meu lado e obrigado por ter querido estar ali esperando junto à porta, justamente na hora em que eu precisava de uma mão para abrí-la, pois eu estava chegando da rua cheio de bagagem-problemas e queixas-fúteis sobre os ombros. Obrigado sorrir enquanto me ajudava a tirar das costas tudo o que eu trazia lá de fora e por me contar com os olhos sobre as magias que usavas para renascer e em no momento-imprevisível me fazer sentir bem-vindo eu teu calor-leito-de-aconchego, tão perfeito quanto quando a vida pede a morte, o azar a sorte. Obrigado, por no meio da madrugada me acordar com um beijo só para dizer que ainda que calada, estavas ali, logo alí ao lado.

sexta-feira, 20 de julho de 2007

.dos olhos de raio-x


A tarde voava, era alta, o dia seguia firme e longe lá fora. As sombras refletidas na pista debaixo dos seus pés denunciavam cada segredo que ele contrangedoramente tentava esconder por entre os dedos das mãos.

O vento gelado que entrava pelos dois vidros abaixados, o do lado dele e do lado dela, lembrava que a encosta da montanha estava úmida e ele apenas aumentou o som e pisou mais no acelerador ainda mais.
- (...)
- Trocou seu destino por qualquer acaso, ...
- Decadanceavecelegance, Decadanceavecelegance - batia nos tímpanos enquanto de óculos escuros ele repetia o uhlalalalala do refrão de forma desafinada e fora de ritmo, mas não parecia estar se importando.

A cabeça-da-semana estava já imaginando a primavera, o encontro e fazendo bater o coração na sincronia de uma mão que move o dialing do rádio procurando uma estação e assim, foi bem na hora que capturou a frequencia que fez o coração dele entrar em sintonia com o dela. Tocou e lá estava tudo dela outra vez, se enrolando nos fios de cabelos que estavam se mexendo ao sabor do vento.

Sentados com as palavras ao lado, foram lançadas uma a uma como adagas, não deixando nada ao seu redor, tudo acabou, sumiu, ao mesmo tempo tanta coisa se amou, se refez, se perdeu, se conquistou.

Queria tentar dizer que não são só fotografias, mas sim retratos estampados do nosso amor, em preto e branco pregados na parede. Mas porque a luz insiste em revelar pra sempre a gente? Nosso orgulho um do outro, olhando pra lente como quem disesse: não queremos mais nada nesse mundo!

E a tarde de sol lá fora, fez com que eu me lembrasse de você, de cada instante que nos faz querer viver tudo outra vez, sentindo cada lance, cada par de romances que fará valer a pena, tenha certeza, pra toda vida...

terça-feira, 17 de julho de 2007

.você nao entenderá, é hora dos sonhos


Do alto da cabine o velho capitão roçava a grossa barba branca com sua mão cheia de anéis, enquanto olhava atento o horizonte tentando avistar uma ponta de esperança, algo que há muito já havia abandonado toda a tripulação, inclusive a ele mesmo.

Em silêncio, ouvia pacientemente cada estalo do convés como se fossem gemidos agonizantes do grande navio, que bravamente botava seu peito frente ao espesso gelo que recobria o chão e lançava-se pelo horizonte até aonde os olhos podiam alcançar. Sabia, com a experiência de um lobo-do-mar, que a qualquer instante os motores não teriam forças suficientes para avançar sobre a imensidão branca que se tornava cada vez mais sólida.

Era próximo das 2 da manhã na fria noite do ártico e o céu ainda estava claro, como todas as noites nos últimos 30 dias e sabia que assim seguiria por outros 60. No porão, iluminado pelos poucos raios de luz que ainda entravam pela pequena janela redonda quase totalmente recoberta pelo gelo, os dois irmãos arrumavam os mantimentos enlatados que haviam desabado das prateleiras desde que a última onda havia atingido o navio, na tempestade que enfrentaram cerca de 800 milhas dali.

Mantinham-se imersos em um silêncio pétreo e sequer ousavam sonhar nestes dias que pareciam não ter mais fim, e não tinham. Mas mesmo assim as lembranças do horizonte do lugar onde viveram quando crianças resistiam vívidas em suas mente. Recordavam das terras férteis, onde a grama era mais verde, o sol mais brilhante e a alegria era abundante como pensamentos de uma criança rodeada de amigos.

Um vento frio soprava forte, castigando quem ousasse abrir a escotilha e subir ao convés, fazendo surgir com brutalidade o arrependimento para tanta sede de riqueza e poder, junto com valor do sacrifício de haver deixado tudo. A água pura já era racionada a poucos litros por dia, o banho fora cortado à 15 e os 3 novatos tentavam esconder os leves, porém evidentes sinais de escorbuto que começavam a aflorar por entre seus dentes.

Agarrados nos últimos fios de esperança de que dias melhores viriam, todos os 16 tripulantes espremeram as pálpebras e abraçados oraram em silêncio cada um para o seu deus, para que toda a cobiça fosse satisfeita, mesmo que esta já não fosse mais de riqueza, mas sim, por uma água fluente e um mar aberto sob seus pés.

Neste mesmo instante o último rugido do casco fora ouvido, os motores falharam e a luz se apagou lentamente. Todos, exceto o capitão, que segurava-se fortemente no timão, foram lançados ao chão violentamente como se tivessem se chocado contra um gigantesco rochedo, e era o que pensavam. A fúria do mar havia vencido, o gelo fechava suas portas.

sexta-feira, 13 de julho de 2007

.capítulo IV


A luz que frustradamente tentava transcender o alumínio da persiana ainda fechada era fraquíssima, apesar da manhã que avançava ferozmente sobre o resto de noite que o clima chuvoso lembrava. Eram 7 minutos passados das 7:35 e a água escorria fluente pelas calhas sem canos lançando-se e espalhando-se no ar, desabando sob os grandes lixeiras que ficavam 7 andares abaixo, ao lado da saída das garagens.

Os olhos semi-cerrados e os músculos do corpo exausto, que repousava silencioso debaixo das cobertas acolchoadas tentando impedir que o frio lhe rasgasse a alma, denunciava o estafante dia que ela teve e que mesmo após uma noite de completo desmaio, somente agora começava a recuperar-se, lentamente.

Deixando escapar um pequeno ponto de brilho da íris clara, inchada de desejo, ela o observava em silêncio deitado ao lado na cama. Era uma manhã onde as vozes saiam disfarçadas por detrás das portas e deixavam claro que não estavam ali sozinhos.

Ao tom ríspido da voz rouca, de recém acordado, um tímido bom-dia foi lançado em meio à mãos, cabelos e suor sem pensar muito no que o dia reservava.

A atmosfera sempre se transformava quando suas almas se tocavam, criando perfeitas ondulações no ar e pela uniformidade do movimento, sob olhar cuidadoso, era possível vê-las em um tom azul neon suave enquanto estilhaçavam-se na parede gélida que o inverno castigava.

Era sexta-feira 13 de 2007, dia-mundial-do-rock, e como numa velha canção a paixão fluía suave nos acordes daquele instante, rechaçando qualquer outro motivo de estar existindo, exceto, eles dois.

+ Feliz dia Mundial do Rock à todos!

quinta-feira, 12 de julho de 2007

.o Bob é da Geral!

Sempre achei que fossem mentiras estas promoções de já manjado jargão: "Escreva aqui...".

É estranho pensar que teremos uma pessoa do outro lado da tela recebendo sua mensagem e em meio a uma ligação telefônica, um café ou uma conversa no msn dirá: "hmm, não gostei" e apagará sorrateiramente sua mensagem desclassificando completamente teu ponto de vista ou tentativa de ir ao lugar ofertado.

Assim foi que aconteceu em todas as promoções que eu já me inscrevi, inclusive a famigerada primeira final da Libertadores da América 2007, que fora feita lá em Buenos Aires. E admito, como queria ter ganhado! Mesmo que esta viesse com uma derrota por 3 gols para os Xeneizes.

Mas com um “sem mais, nem porquê”, visitando o clicRbs resolvo ver a agenda de shows da semana. Ok, Ira! Detesto o nazi, acho ele terrível, tosco e com voz de cachorro engasgado com um osso de petshop, e não sei porque também não me agrada um guitarrista que utiliza o instrumento de ponta cabeça, salvo Jimi Hendrix, único que merecia respeito.

Por fim, já imaginando que nada mais teria ali, um pequeno link me leva a mais uma famigerada promoção e eu atualizo às pressas o cadastro junto ao portal e sem grandes esperanças participo de mais uma destas armadilhas de marketing com a chamada: "Porque você merece assistir ao show da Tribo de Jah?"

Ráaaaah. I-N-A-C-R-E-D-I-T-Á-V-E-L, Ganhei!

Não que seja um grande mérito ir ver um show de Reggae Roots, até me agrada o estilo e ver um grande show sempre é bem-vindo, mas já sei que como um presságio a idéia é absolutamente clara de que não ganharei mais nada, não me sai da mente, não importa o quanto eu tente e por mais geniais que minhas frases sejam, fato: NÃO VENCEREI NUNCA MAIS!

Mas bem, agora não é hora de reclamar e sim, depois de ir ao teatro ontem assistir à peça "Homens de perto", recarregar as baterias da câmera e ir lá curtir um showzinho no mesmo lugar que me traz à tona boas lembranças da minha primeira e última visita, onde vi o retorno de Camisa de Vênus, em uma oportunidade que talvez seja a última respirada do transcendental Marcelo Nova.

Bem, chegada a hora, nos vemos no opinião esta noite, certo?

quarta-feira, 11 de julho de 2007

.d'onde nasce o sol


Existem algumas curiosidades do lado oriental do mundo que não tem como resistirmos, e um dos grandes destaque aqui neste Porto são as imensas variedades gastronômicas oferecidas pela selva de concreto e aço.

Uma das grandes pedidas são as opções servidas no mercado público, não só local onde se encontram estandes com grande variedade de especiarias, produtos coloniais e industrializados dos mais variados tipos e gostos, mas também por possuir ótimos restaurantes.

Esta vez foi escolhido o Sayuri, indicado pelo amigo Robson, uma opção barata para degustar a verdadeira comida japonesa e não os "enlatados" do Nanking servidos no shopping.

Lá vou eu em meio a estranhesa dos nomes solicitar uma indicação de pratos para a atendente, que por pura falta de atenção, esquecemos de pedir o nome. O golpe de katana desta vez fora desferido em uma porção de Maki-Sushi composto por 12 peças, solicitado camarão (Ebi Maki) e salmão (Shake Maki), ao módico preço de R$11,00. Como opção de prato quente/principal um Yakisoba com Camarões, por R$13,00 que tranquilamente serve 2 pessoas.

De um paladar incrível o Yakisoba é uma ótima pedida, já o sushi foi degustado com cautela pela Jú, que aprendera após alguns minutos de treino a manipular os Waribashi (pauzinhos). A foto também denuncia o vinho servido em taças, pois nos escapou da atenção o saquê, que também é apresentado na tenebrosa versão caipirinha. Da próxima nos embriagaremos com este líquido para saber do que se trata ou, pelo menos, saber que gosto têm.

Korekara ressutoran e ikimas.

Armazém e Restaurante Sayuri
Especialidade: Culinária Japonesa
Telefone: (51) 3226-1158
Local: Mercado Público Municipal, sn. Lojas 80 e 82

terça-feira, 10 de julho de 2007

.inverno


vem, vem logo


sejas outra vez minha flor-plena-primavera
dance suave tuas curvas ao carinho do tempo


tatua-te em minha carne em cores de alento
e de presente, quero teu gosto amor, amor
como aquelas memórias, que o último encontro deixou!

quinta-feira, 5 de julho de 2007

.para : Nóia!


Hoje o dia amanheceu estranho, inquieto, e não é o barulho lá fora, mas é o estado de cada coisa que parece não estar no lugar certo. Será que sou eu, deslocado de onde queria estar?

Insistentemente todos vêem as torres dos prédios arrotarem fuligem e poeira enquanto disfarçam-se de transeuntes e firmam sua rota como se fossem formigas em sua trilha de feromônios sem se importar com o que está em sua volta, apenas ocupadas em passar confiança para tudo e todos, inclusive para os que recebem mentiras em suas faces.

Hoje é o típico dia em que eu procuro até mesmo em meus bolsos algo que não sei o que. Procuro no olhar, na vida de cada um para chegar a lugar algum quando torno a lembrar o que eu estou procurando exatamente. Realmente não sei.

Não estou alegre, não estou triste, apenas não estou. Não estou explodindo em alegrias e a vontade é de voltar a tempos de infância, consertar pequenos erros - que às vezes eu lembro que cometi -, pedir perdão alguns segundos antes de ter falado besteiras que chatearam alguém que eu queria perto. Até mesmo para você!

Justamente agora, que tudo parecia estar se encaixando, andando, as rodas do tempo lentamente tomavam direção, o dia amanhece assim, estranho, inquieto. Maldito!

Será o anúncio da minha morte me visitando, que agora pensando que sempre que ela foi me ver, lá estava eu, abraçado em minha sorte fingindo não estar em casa, baixei o volume da música e fiquei em silencio deitado na cama? Que irionia. Mas como será ela será? Num assalto idiota, o sangue frio e brilho febril no olhar do menino louco logo cedo, que proferirá palavras de intimidação em busca do que eu tenho? Quem será num descuido no trânsito, um carro imprensado e lá entre as ferragens a sede matando aos poucos.

Todos estarão pensando como é estranho fala sobre isto, e realmente é, assim como é estranho estar querendo adivinhar o que se está sentindo. Será que todos ao meu redor estão bem? Todos irão com seus dias normais, corriqueiros em direção do trabalho, em direção de outro alguém sem se preocupar?

Queria poder te pedir olhando nos olhos, nunca mais fizeste o que um dia - eu disfarçando te pedi, mas na verdade te implorava -, e tu prometeste que te esforçaria. Isto seria uma limiar ridícula para explodir e o mundo desabar, eu te perderia? Acho que sim. Me perdoarias?

Mas se hoje nada importa, porque dar importância tão grande a algo tão banal, a algo tão insensato. Que bad trip você se meteu e eu junto fui até lá, te puxar de volta, pois também já não me reconheço mais. Vamos voltar?

Ainda tens o sonho de seguir rumo, de mãos dadas com este personagem estranho que em dias como hoje, tenta adivinhar o que está por vir, acuado, cheio de medos e pensamentos ruins? Aliás quando foi a ultima vez que me senti assim e realmente algo ruim aconteceu? Sinceramente não lembro. Coisas ruins aconteceram nestes últimos tempos, mas são tudo obras do acaso ou derradeiras conseqüências de nossos passos de dias atrás. Queria poder evitar.

Tomara que hoje seja apenas o dia da paranóia, procurarei sobre. Apesar de todos parecerem estar tão normais, será que devo concluir que estou vivendo outro calendário. Tomara que então seja só hoje este tipo de feriado.

quarta-feira, 4 de julho de 2007

.this one goes to the one i love


you are my angel
come from way above
to bring me love

her eyes

she's on the dark side
neutralize
every man in sight

I love you, love you, love you...

you are my angel
come from way above

I love you, love you, love you...