terça-feira, 22 de dezembro de 2009

.das sensações


Já ensaia a tarde, sinto que ela disfarça e finge cair, mas "la verdad la verdad", apenas escorre pelo horizonte ainda tímido. Chega a noite e sussurra, como puta, com voz doce, sobre que eu ainda não tenho certeza que vou dizer.

Todo sentimento me faz pensar que não parece uma boa idéia perguntar se está tudo bem, quando aparentemente tudo está bem. Agir com cinismo, fingir, disfarçar, empurrar até que tudo isto passe. Como dizia meu velho pai: não vou ao médico para não encontrar doenças. Deu no que deu, agora passou, agora é tarde e eu vejo cada dia mais que sou feito desta mesma fraqueza, este mesmo sangue corre em minhas veias.

As vezes me sinto tomado de uma vontade de gritar na tua cara, perguntando: O que tem? O que está errado, pois sou cego e não consigo ver? O que diabos tu anda escondendo por detrás deste sorriso?

Se vais partir espero que tenha passado bons tempos por aqui, mas vá rápido, voe para o desconhecido para que eu tão pronto perceba que já não mais estás aqui, esteja longe o suficiente para eu não poder seguir teus passos. Mas se vais ficar é melhor tirar tudo que está entre nós pois estou sufocando em meio a tantas meias-palavras, meios sorrisos, meias transas, meios de nós mesmos.

Quero andar por aí e conseguir desfrutar os dias ensolarados que me guiaram até agora, nem que isto implique em sair daqui, e se este tal deus que vocês tolos acreditam realmente me deu alguma graça, ele vai encontrar algum lugar para eu cantar minhas canções.

Finda o ano e eu tiro a poeira deste velho livro para aqui escrever talvez os últimos pares de versos destes 365 dias. Quando, olhando para trás, tudo pareceu estar bem, olho pra frente e encaro um mar de gente me trazendo mais nuvens negras.

Acho que meu imaginário cresceu este ano.