terça-feira, 27 de setembro de 2011

.das conclusões sobre o amor


I

quando chegar aos 30 anos
carregarás no peito o coração dos combatentes
entenderás que não importa quanto insistente o amor seja
toda hora a mudar o lugar de todas as coisas
primeiro haverá de pensar minuciosamente
se a nova ordenação possui algum sentido

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

.de quando faço as avenidas chorarem






Um olhar cruzado na rua 
um sorriso discreto
sobre um pensamento distante 
um tropeço nas nuvens
ao levantar os olhos
sempre faz com que tudo aconteça
e sim, tudo, tudo mesmo
tudo será diferente
te darei aqui cem milhões de motivos para ficar
rosas roubadas e corações partidos... 

e um também retratos
para emoldurar em quadro meu!

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

.dos corações sorridentes


sua vida é a sua vida
não deixe que ela seja esmagada na fria submissão
esteja atento
existem outros caminhos, e em algum lugar, ainda existe luz
pode não ser muita luz, mas ela sempre vence a escuridão
esteja atento
e os deuses vão lhe oferecer oportunidades
conheça-as
agarre-as
você não pode vencer a morte
mas voce pode vencer a morte durante a vida, às vezes
e quanto mais aprender a fazer isto, mais luz vai existir
sua vida é a sua vida
conheça-a enquanto ela ainda é sua
você é maravilhoso
os deuses esperam para se deliciar em você

*bukowski, charles

terça-feira, 30 de agosto de 2011

.dos contos inacabados


Um poema difícil estampava a janela do ônibus e a manhã de chuva, tinha certeza, não daria trégua.
Acomodei-me num acento proximo à porta, não que seja exclusividade ou caprixo em manhãs assim, mas se tratava do último lugar disponível num carro completamente lotado de guarda-chuvas acompanhando seus donos de estimação até o trabalho.

As vezes os guarda-chuvas treinam bem seus donos e eles por sua vez gentilmente sedem lugar para idosos, grávidas, etc, mas não se trata deste dia pois hoje é fim de agosto e tudo já está se arrastando neste inverno e até as gentilezas são raras nesta época do ano.

Entre um esbarrão e outro me levanto, cedendo lugar ao guarda-chuva xadrez que desceria no próximo ponto, enquanto um outro grande, escuro e imponente tomava conta do espaço da janela. Era Mariana, a garota com nome de bom dia que acabava de acomodar-se ali. Simpática pensei eu enquanto o seu guarda-chuva grandalhão me encarava desconfiado. As bochechas rosadas não chamam atenção mas o sorriso sim, este era implacável ocupando o meu acento e o dela.

Fale algo inteligente, pensei baixo. Vinho logo pela manhã é sempre uma boa opção, falei alto.

Ótimo espertão, conseguiu fazer acabar ali a história que nem tinha começado.

Ela sorri: - Acho que estou doente, bochechas vermelhas, rosto quente. E completa: Poema estranho este na janela né, parece que falta algo, as vezes tem poemas assim, difíceis.

- Vi um filme ontem que era igualmente estranho ontem. Uma história de amor só dura 90 minutos. Pavor que tenho de que pessoas contem um filme fiz um rápido resumo na minha cabeça e disse: O guri é escritor, a garota estuda algo confuso. Envolvem-se num triângulo amoroso com uma amiga do casal, é doido mas bastante engraçado.

- Mas eles se conhecem?

- Sim, mas na verdade não, quer dizer: conhecem mas não necessariamente todos estão juntos ao mesmo tempo.

- Ah tá.

- Até pensei ontem, juntando com o poema de hoje e tudo o que mais aconteceu em escrever algo, talvez um conto, sei lá. Certamente começaria com: Procuro um amor que seja capaz de chorar no verão, mas sem exagero porque não gosto da casa húmida nesta época do ano.

- Tu é doido, escreve é?

- Bem, as vezes, contos, poemas, coisas... Mas estes dias são difíceis, chegamos no trabalho ainda escuro e saímos quando já é noite. Num breve momento, como fosse uma espécie de liberdade assistida, tomamos sol no caminho do almoço. "Mas não demorem" ecoa uma voz robótica que ruge e exige que tudo seja rápido, com pressa, como este ônibus que poderia facilmente durar, sei lá, uns 90 minutos.

- Bem, mas pelo menos assim chegará no trabalho e dirá que sorriu, por isto as bochechas vermelhas.

- Mas o culpado pode ter sido o vinho, afinal nunca ninguem saberá ao certo, exceto eu.

Ela tinha ouvido, a chuva tinha parado e o porquê do nome fazia todo sentido.

A garota com nome de bom dia.

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

.do despreparo



Era cedo, pouco adiante das 8 da manhã e naquele instante eu estava com a retumbante certeza de que poucas coisas na vida possuem a plena capacidade como a de um alarme de celular transformar travesseiros em rocha pura e deixar cobertores com textura áspera e asquerosa quase te obrigando a levantar.

Lembrei-me por algum motivo de uma época remota perdida entre as minhas descobertas da pré-adolescência... trancados no quarto as horas lá fora empurravam as pessoas em suas rotinas, carros com motores pulsantes zuniam nas ruas e o calendário avançava sem dó mês adentro. Eu e ela, dentro um do outro saciando uma sede árida com a pouca saliva que nos restava e com um certo orgulho ingênuo tempestuávamos sobre a calmaria que a situação pedia. Só tínhamos um ao outro e só precisávamos daquilo e mais nada, pois lá fora, tudo não passava de horas, de dias, de meses, de marcações estúpidas e retóricas inventadas para regrar o que não precisa ser regrado.

Devidamente mastigado durante um fim de verão, um outono e um copioso inverno tudo que eu precisei estava logo ali, ao alcance de uma rolada no colchão ou de um comprimido revestido de algum material sintético de absorção lenta. A sensação de estranheza foi se tornando raciocínio lógico, o despertador tocava, os olhos observavam o travesseiro recém transformado em pedra, era pouco adiante das 8 da manhã de sexta-feira e eu não parecia estar preparado para aquilo.

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

.da noite que me fez companhia

O dia chegou, a manhã cantou e o sol cresceu.
É mais um dia complexo, completo e em câmera-lenta.
A noite foi dura, a madrugada se arrastou e a lua demorou a cair.
É mais um agosto que logo cedo se sabe como terminará

Ao olhar pela janela do olho, viu o quarto em silêncio, a noite passando e o sono também.
Ao abrir o olho do prédio, a janela mostrava as outras pessoas que como ele, não conseguiam dormir.
Tentou acenar pela última vez, falar alguma coisa, dar menção de que se importava por ver o sono partir assim, sem avisar.
A cama já não aconchegava, o cobertor já não aquecia e o travesseiro parecia feito de pedra.
E os outros prédios, derramavam pelas paredes a mesma angústia e inquietude do seu quarto.

É a graça de morar em grandes cidades, rodeado por prédios, disse certa vez um amigo seu.
Quando tu perde o humor por não dormir basta olhar para fora e ver que não estás sozinho.
Quase dá vontade de bater naquela janela iluminada para dividir um café, uma idéia ou compartilhar o que te fez acordar.

Este é o lado ruim de se morar em grandes cidades, rodeado por prédios, disse certa vez um amigo seu.
Quando tu perde o humor por não dormir não adianta olhar para fora pois saberás que estás sozinho.
Não basta ter vontade de bater lá pois jamais um desconhecido seria recebido com um café.

É uma solidão assistida, é uma cela gelada e uma rua cheia de andarilhos carregando seus carrinhos cheios de alumínio.
É um convívio estranho, mas que dá a oport...

[juro que iria continuar, mas perdi o rumo, perdi a noite e o dia está duro, principalmente nesta manhã...]

Bom dia para você também, insônia.

domingo, 17 de julho de 2011

.do dia em que deitei para descansar


Acho que o tempo me deixou mole
Não macio... nem gelatinoso... mole mesmo...
É muito tempo para pensar no que se tem feito
É muito tempo para pensar no caminho em que se está seguindo
É tempo demais para passar o tempo todo deitado

E este osso que não gruda, não junta, não fixa
Deve ser feito do mesmo sentimento que me faz não conseguir fixar sonhos em todos lugares
Fixar sonhos em sonhos comuns, como uma herança de sangue e alma para nos guardar em nossa velhice
Sinto medo disto, não da velhice, mas de alguém sendo obrigado a fazer companhia
Porque assim nos foi ensinado, porque assim é o certo

Passei meu tempo de pensar pouco sobre as coisas e a adolescência voôu por sobre meus ombros
Demorei demais para perceber coisas que não tenho como ser
Demorei tempo demais perdendo tempo em coisas que não eram para mim
Agora é hora de dormir e fingir que amanhã tudo isto não passou de um sonho ruim

É hora de acordar e fingir que me importo com os outros
É hora de entender que é tudo mentira
Passou o tempo de te pedir "me aceita"
Passou da hora de te perguntar a receita
Para aprender a conviver com um monstro tão mesquinho e careta...

**texto sem revisão, apenas botando sobre o teclado a angústia palavreada.

terça-feira, 7 de junho de 2011

.dos dias que sou cangaceiro


Eu também sou cangaceiro
E o meu cordel estradeiro é cascavel poderosa
É chuva que cai maneira aguando a terra quente
Erguendo um véu de poeira, deixando a tarde cheirosa

É planta que cobre o chão na primeira trovoada
É a noite que desce fria depois da tarde molhada
É seca desesperada, rasgando o bucho do chão,
...é inverno e é verão

É canção de lavadeira, peixeira de Lampião
As luzes do vaga-lume e alpendre de casarão
A cuia do velho cego, terreiro de amarração
O ramo da rezadeira, o banzo de fim de feira
...janela de caminhão

domingo, 1 de maio de 2011

.dos dias em que preciso de um gole de vida



Não existe amor em SP
Um labirinto mistico, onde os grafites gritam
Não dá pra descrever, numa linda frase
Que um postal tão doce, cuidado com doce
São Paulo é um buque, buque são flores mortas
Num lindo arranjo, arranjo lindo feito pra você

Não existe amor em SP
Os bares estão cheios de almas tão vazias
A ganancia vibra, a vaidade excita
Devolva minha vida e morra afogada em seu próprio mar de fél
Aqui ninguém vai pro céu

*Criolo Doido

sexta-feira, 29 de abril de 2011

.das não razões ao cotidiano


Andei pensando dia destes sobre as fases do meu cabelo. Afinal, não se trata de um cabelo comum, é um cabelo com personalidade, com vontade propria, com alguma teimosia até. Ao contrário do que todos dizem: - Tenho cabelo rebelde... tem nada... é tu quem contraria a vontade dele. Ele quer ser assim: soltão, torto e patifado.

Já mudei tanto e a algum tempo pensei em deixar ele maior, não grandão, mas o suficiente para fazer uns dread-locks... mudar o estilo, sei lá. Meio 4 e 20 sabe... coisas que só consigo descobrir pensando muito, afinal eu tenho uma natureza inconsequente guardada em algum lugar do meu ser. O problema é que ela surge de supetão e nas horas mais impróprias. Não que eu saia por aí rasgando cheques é bem verdade, mas sei que para o dia terminar bem sempre tem de se enfrentar uma tarde inteira...

Já são quase 75 dias sofá de casa, 75 dias de horizontes de fim de tarde, 75 dias de Ana Maria Braga, 75 de Globo Esporte, 75 de Radio e Fogão ligados. E como passou rápido, pensaria minha metade otimista, afinal, nem sinal daquela dor que me desgraçou tanto a alguns meses atrás, nem sinal de noites em claro, sem poder sequer suspirar pois inflar os pulmões mexe a estrutura óssea, logo mexe com o pescoço que também mexe com a porcaria da vértebra quebrada. Percebe neste ponto da linha de raciocínio a coisa já começou a mudar de figura? Lá se vão 75 dias de saco cheio, de osso quebrado, de um insistente espaço de 1 dedo na vertebra, da tal lesão com deslocamento de massa a direita... porcaria... nada mais é como antes, nem mesmo o cabelo.

Como diz a música: E eu, que tinha tudo pra ser feliz: Segundo grau completo e curso de datilografia.... resolvi escolher o caminho mais longo até o fim das férias... loucura completa dizem uns, até o dono da Floricultura perto do apartamento velho me parou na rua dia destes... - O que aconteceu aí?
- Lesão de vértebra, quebrei a primeira
- Ouch disse como todos, repetindo sempre a mesma cara feia...

Pois é... lá se vão 75 dias de tudo isto, de não precisar enfrentar a tal sociedade, o tal mundo das barbas bem feitas e dos cabelos bem penteados. A distancia da sociedade é como o amor, ele devora calças, come sapatos e roe ternos. Degusta satisfeito metros e metros de gravatas, devora numeros de identidade, devora endereços, amigos e dias da semana.
Todos estes, por sinal, são como sábado. O dia neutro que fica entre a semana desgastante e o domingo tão necessário afinal tem futebol, com cabelo cretino e tudo.

Tudo isto é possível porque eu posso ficar do jeito que quiser e o cabelo também. Hoje acordei por volta das 9hs da manhã, já meu cabelo despertou só em torno das 11 e mesmo assim se arrastou até tarde à dentro... pra dizer bem a verdade só agora está bem desperto, despojado, esbanjando estilo e isto que nem está no modelo jamaicano ainda. Ele está solto, sem precisar pentear, sem precisar de bonés ou toucas, sem precisar sequer dar qualquer satisfação, afinal, sociedade e vida normal é o que acontece lá fora, não aqui dentro, não aqui no universo das salas, sofás, lesões e cabelos despreocupados do cotidiano.

sexta-feira, 8 de abril de 2011

.das dores das constatações


É complicado conseguir falar de si mesmo, seja por um motivo ou outro... é algo que tu está te condicionando a mostrar, mesmo sabendo que as pessoas te interpretarão de formas mais distintas, é o risco que se corre.

Muitas coisas serviam para isto. Diários, se bem me lembro... sou da geração de 81 então ainda tenho muita consciência do mundo analógico que se vivia, era uma delícia, talvez excelentes tempos nem tão distantes destes de hoje em que a tecnologia simplesmente transforma as pessoas em simples contatos no celular. Talvez nem raro seja ouvir um diálogo tipo:
- E aí, tem falado com a galera?
- Pior que não, perdi contato de todo mundo... troquei de celular
- Putz f*da

Ah não, que ironia, a esta altura os celulares já estão gravando os contatos no chip, sincronizam nomes telefones e mais alguns dados pessoais com algum servidor sei la aonde. Porque diabos não se investiga a utilização destes dados como invasão de privacidade, comercialização ilegal... vender uma lista imensa de números validos para Spams via SMS... aliás talvez tu que está de certo modo, mesmo que com meu consenso, infringindo a minha privacidade ao estar lendo este texto volte aqui ou em algum momento da memória para lembrar do que escrevi aqui e achar engraçado pois poderá ainda estar acontecendo.

Mas também aqui não é espaço para só ficar conspirando com o mundo, é lugar de reclamar calado a estúpida decisão de não comprar os remédios... Ah, amanhã eu pego e assim foi, ontem eu até comprei mas não tinha tomado. Tudo indo bem até não dormir esta noite, ficar com uma dor cretina te atormentando, te deixando um zumbi se arrastando as 11:50 da manhã de sexta-feira.

Dói fisicamente, dói mentalmente, dói psicologicamente tu ficar 48hs sem tomar um comprimido rosado somado a um Paracetamol 750mg a cada 8 horas e parece que a lesão não melhorou em nada, não dói a carne ou o osso. Dói a musculatura, dói pensar que se está tudo bem quando tudo é mascarado pelos opióides, quando tudo está escondido por trás de uma fina cortina de fumaça que alivia a pressão nestas horas.

E reclamando do pescoço lembro, lendo a Dilúvio(odiluvio.blogspot.com), do referendo das armas, aonde é preciso deixar pelo menos uma arma de fogo em casa. É para se sentir seguro, ficar louco e cometer uma barbárie sem tamanho. Realengo nunca mais será a mesma, mas depois de algum tempo aposto que cairá no esquecimento, como o Massacre do Carandiru, como a Chassina da Candelária, como o caso do Sequestro do Onibus 174 e tantas outras que amanhã já sairam de moda como o último carnaval.

Aliás, tenho esquecido de quase tudo. Qual é o país do Tsunami? As usinas de Fukushima estão ainda despejando desastres dizem os noticiários por aí... mas estamos seguros dizem uns ao analisarem que ainda temos uma estatística alarmante solta por aí... dizem eles com bocas cheias, estamos dentro do nível aceitável de radiação no ar... ah bom, sempre soube que os Maias sabiam enriquecer Urânio e desde lá temos níveis aceitáveis de material radioativo no ar que respiramos, na água que bebemos...

Que chatisse, só reclamar sem razão... agora vou ver o que mais tenho pra pensar hoje, enquanto a mudança não vêm.

quarta-feira, 6 de abril de 2011

‎...aqui até o vento chora, ()


Depois que todos os valetes estão em suas caixas
E os palhaços foram todos para a cama
Você pode ouvir a felicidade invadindo a estrada
Pegadas cobertas de vermelho
E o vento sussurra, Mary

Uma vassoura varre melancolicamente
Os pedaços de vidas passadas
Em algum lugar uma rainha está chorando
Em algum lugar um rei não tem esposa
E o vento chora, Mary

As luzes do tráfego se tornam azuis amanhã
e refletem seu vazio sob minha cama
A minúscula ilha começa a afundar
Porque a vida que eles viveram está morta
E o vento grita, Mary

Irá o vento sempre se lembrar
Os nomes que ele citou no passado?
Com esta muleta, está velho, e está sábio
Ele sussura, "Não, este será o último"
E o vento chora, Mary

terça-feira, 1 de março de 2011

.feliz ano velho


16 de fevereiro de 2011 - Lago do meio, Praia do Rosa, Imbituba / SC

Ao me preparar na areia para o que viria a acontecer em seguida poderia ser descrito da seguinte forma:

- Tu não vai pular na água com nossa melhor canga, vai?
- Não é uma canga, é uma capa mágica que faz os puros de coração voarem!
- Então está proibido de pular com nossa melhor capa mágica!
- Mas é minha estréia e eu quero estar bonito ao chegar na outra margem!
- Fica parada aí, estou indo!
- Biiiiiiiiiiiiiiin

Lembro claramente do último dia que escrevi algo sobre as pessoas que mudaram de signo e que eu estava orgulhoso por me manter virginiano de setembro. Agora já não posso dizer isto com tanta convicção, afinal de contas quando se está imobilizado em decorrência de uma Fratura de Jefferson, clássica lesão da C1 que comumente resulta ou em uma dor inimaginável ou em uma hiperextensão do pescoço e morte é preciso reconsiderar algumas coisas na vida.

Teimoso que sou escolhi o primeiro caminho, o dos que ainda resistem e sou o mais novo detentor de um segundo aniversário, sou também capricorniano de fevereiro a partir de agora.

Não é hora de se lamuriar até porque os opióides fazem com que meu dia fique com cores bastante curiosas, tarde destas o céu de porto alegre se pintava num alaranjado intenso e brilhante, lindo. Estranhei que meu vizinho também viu, "corri" conferir a quantidade de comprimidos disponível na minha caixa de medicamentos e estavam todos lá, perguntarei depois sobre o ocorrido que ele presenciou, mas por hora não vem ao caso.

Neste período de recuperação que deve se arrastar lentamente pelos próximos meses consigo por exemplo acompanhar as receitas de panquecas que a Ana Maria Braga apresenta em seu programa uma vez que este é um dos numerosos 3 canais que pegam bem (os outros 2 que ficam com fantasmas horríveis) na caixa eletronica que habita minha sala, mesmo em dias de céu de brigadeiro.

O computador salva e maltrata ao mesmo tempo uma vez que permanecer sentado por mais de 40 minutos é desconfortável então lá vou eu para mais um "mergulho" nas novas versões de velhas histórias que o teto do meu quarto compartilha comigo todos os dias, o tempo todo.

Por hora me sacio fazendo anotações e rabiscos em um caderno produzido com folha de papel reciclado. Ali vão todos os anseios que tenho aqui paradão. Utilizo ele registrar as coisas que tão pronto conseguir me recuperar, vou fazer com urgência. A lista é curiosa e inclui coisas como um detector de metais, mudar a disposição do quarto para melhorar a mobilidade dentro dele, pegar as cifras e tentar tocar as musicas novas que ouvi recentemente e também tentar encontrar os acordes das musicas que estou a algum tempo adiando para compor. Ir até o banco mudar minha conta no banco para a categoria sem tarifas recém anunciada pelo Banco Central, executar os novos ensaios fotográficos que já tenho em mente, finalizar algumas coisas que havia deixado pra trás. Até mesmo anotei voltar para Garopaba para comer a lagosta no jantar que estava programando para ser na noite de quinta-feira, 17 de fevereiro num simpático restaurante na avenida dos pescadores e assim por diante.

Engraçado que começa se recuperar alguns sonhos e planos empoeirados quando se tem a oportunidade de ganhar o sorteio para visitar Neverland, a grandiosa mansão aonde Michael Jackson deve estar descansando satisfeito com suas doses cavalares de propofol.

Bem, acho que lembrei de mais algumas coisas e minhas oportunidades na frente do computador são como uma Lan House lotada. Até passei do horário, acabou e o atendente que habita meu pescoço avisa com veemência... 45 minutos já.

Nos vemos dentro de algum tempo, assim espero.

Amem crianças, amem muito.

**A foto acima foi sacada pela Juliba nas dunas da Praia do Siriú, alguns dias antes do vôo que me botaria aqui dentro deste colar cervical.

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

.feliz signo novo


Nunca me chamou muita atenção aquele papo de que as rochas penduradas no céu interpretadas pelo jornal impresso local dessem uma explicação fatal da segunda-feira fracassada que te atravessou o meio do peito sem dó hoje cedo.

Tampouco acredito que Júpiter alinhado na quarta casa de Saturno tenha me influenciado de forma relevante na hora em que ignorei o cachorro que veio se babando em minha direção, esbarrei em alguém no ônibus mesmo tentando sequer tocar naquela pessoa e vesti a minha cara de 'to cagando pra ti' enquanto te ouvia contar como foi super ultra mega divertido o final-de-semana no chocolatão do litoral sul.

Mas vai, tem quem acredite e sempre achou que não fechava nada consigo aquela descrição de personalidade, chegando até a forçar um condicionamento de comportamento bondoso, piedoso e sensível, etc que sempre lhe foi contado que por exemplo: Aquarianos deveriam ter. Pois bem, se este era o teu caso terás um recomeço pois agora pode ter sido sorteado na roleta do zodíaco e terás um signo novo em folha, brilhando como ouro, cheiro de zero, plásticos no banco e tudo. Aí se acreditou até hoje, siga crendo e mude furiosamente caso tenha trocado de casa.

Eu, por sorte não preciso me preocupar pois sigo Virginiano de 17 de Setembro, desconfiado até da felicidade, criando um comportamento sistemático por mais estranho que possa parecer, não acreditando que as coisas caem do céu e talvez nem sempre utilizando palavras remediadoras, contudo sempre sinceras. E quando eu decidir que as meias devem ficar na gaveta do meio, não ouse me constestar pois só vai me deixar irritado. A irritação poderá durar dias, mas após algum tempo vai passar, desde que as meias ainda estejam lá.


terça-feira, 18 de janeiro de 2011

.do monumento ao jovem monolito


Ao completar trinta anos, você ganhará os olhos duros dos sobreviventes. Só verá sua amada na parte da manhã e da noite, só encontrará seus pais de vinte em vinte dias. E quando seus velhos morrerem, você ganhará um dia de folga para soluçar e gritar que deveria ter ficado mais próximo deles. Sorria, você é um jovem monolito e a vida vai ser pedrada. O trabalho é uma grande cadeia e você sentirá muito alívio por ter uma. A cadeia engrandece o homem. E o sangue do dinheiro tem poder. Reze. Reze ajoelhado por uma carreira, dê a sua vida por ela. Viva como todo mundo vive, você não é melhor que ninguém. Porque o dinheiro move montanhas, o dinheiro é a igreja que lhe dará o céu. Sorria, você é um jovem monolito e o mundo é uma pedreira. Eles irão moer você todinho. De brinde, muitos domingos para chorar sua falta de tempo ou operar uma tendinite. Nas terríveis noites de domingo, beba. Beba para conseguir dormir e abraçar mais uma monstruosa segunda-feira. Aquela segunda-feira que deixa cacetes moles e xoxotas secas para sempre. A vida é uma grande seca, mas ninguém sente calor: Nas salas refrigeradas, seus colegas de trabalho fabricam informação e, frios, sonham com o dia dez do próximo mês. Você é o Babaca do Dia Dez, não há como mudar o seu próprio destino. Babaca que acorda assustado, porque ninguém deve atrasar mais de vinte e cinco minutos. Eles descontam em folha e você é refém da folha, do salário, do medo. Ninguém tem o direito de ser feliz, mas você ganhará a sua esmola de seis feriados por ano. E todos nós vamos enfrentar, juntos, um imenso engarrafamento até a praia. Para fingir que ainda estamos vivos. Para mostrar que ainda somos capazes de sentir prazer. Para tomar um porre de caipirinha sentado em uma cadeirinha de praia. É uma grande solução. E você ainda ganhará quinze dias de férias para consertar a persiana, pagar contas, fazer uma bateria de exames. Ninguém quer morrer do coração, ninguém quer viver de coração. Eu não duvido da sua capacidade de vencer: Lembre disso no primeiro divórcio, no primeiro infarto, no primeiro AVC.


- André Dahmer

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

.de los clandestinos


Me gusta la moto, me gustas tú.
Me gusta correr, me gustas tú.
Me gusta la lluvia, me gustas tú.
Me gusta volver, me gustas tú.
Me gusta marijuana, me gustas tú.
Me gusta colombiana, me gustas tú.
Me gusta la montaña, me gustas tú.
Me gusta la noche...

Que voy a hacer, je ne sais pas.
Que voy a hacer, je ne sais plus.
Que voy a hacer, je suis perdu.
Que horas son, mi corazón.

Doce un minuto