quinta-feira, 30 de agosto de 2007

.uma moeda para cada milagre



Agora paro por aqui, me deixando levar pelo suave som da água límpida que rebate ao longe, ecoando nas baixas muretas da fonte enquanto o inverno se vai aos poucos, puxando com ele setembro, cobrindo o chão com folhas de um tom dourado pálido em meio a névoa fina que reparte o campo.

Paro aqui, depositando as minhas últimas moedas em forma de esperanças, para os últimos milagres escolhidos dedicadamente, um a um, e percebo que todos estão de certa forma neste emaranhado de sentimentos que só parecem fazer sentido quando estou contigo.

Como se hipnotizado estivesse em frente a um grande cesto de brinquedos, criança que ainda me sinto ao teu lado, escolho a dedo cada sonho pelas formas e cores que mais me atraem e também aqueles que prometem te trazer para o meu lado.

As vezes frente a fonte me distraio e me pego pensando no teu olhar e preso nos teus cabelos, imagino lá adiante um passear ao alvorecer com as mãos trançadas e os sonhos alinhados na altura do horizonte banhando teu rosto com o sol que se vai lentamente no finais-de-tarde que antecedem o verão.

Paro aqui, refletindo como o espelho da fonte repete o céu invertido na fotografia e forjo com toda minha força esta ultima promessa, nesta ultima moeda, e guardo nela carinhosamente todas as tuas superstições e segredos, lembrando que logo estará ao meu lado quem hoje me faz feliz, você.

segunda-feira, 27 de agosto de 2007

.em uma tarde fria perto do início de setembro


Ash nazg durbatulûk, ash nazg gimbatul, ash nazg thrakatulûk
ash burzum-ishi krimpatul.

Estava quente no primeiro momento em que o peguei, quente como brasa, e minha mão se queimou, de tal modo que duvidei que algum dia pudesse me ver livre da lembrança causada pelo seu toque, ainda que mesmo agora eu não vejo lá adiante o momento que irei querer desaparecer com estas memórias, e me sinto grato por ter tornado-as eternas. Apesar disso, no momento em que escrevo, está frio, e parece que encolheu talvez pela ausência da outra metade.

Ao menor roçar da saudade, moldou-se ao meu corpo, me expremendo o coração, quase como um abraço de forma sutil e suave como linho, mas firme e inquebrável como aço, me envolvendo em sua força certeira e sem igual, sem ter perdido a beleza ou a forma.

A escrita que há nele, que no início estava visível como uma chama, já desapareceu, e mal pode ser lida. As letras são de uma caligrafia mágica, pois não há aqui línguas para um trabalho tão sutil; Suponho que seja uma língua antiga, tão antiga quanto os poetas e o mundo, uma vez que é ao mesmo tempo encantada e rústica.

Talvez o Anel sinta falta do calor da outra mão, de sua outra metade, que era tão belo e cintilante quanto um fio de gelo, mas mesmo assim, queimava como fogo; e talvez, se o todo for reaquecido pela presença de sua outra parte, a inscrição fique visível novamente, reacendendo a chama que os criara.

Aguardarei pacientemente para que todas as vezes que a vir, o reencontro seja mais intenso, mais eterno, mais forte e mais mágico. De minha parte, não o tirarei, afim de não danificar as linhas que o destino descorreu sobre mim e ti, e de todos os teus trabalhos até aqui, doce-amor, é o mais belo e precioso para mim.

quarta-feira, 22 de agosto de 2007

.fim do espetáculo


Ultima cena, último ato e os porcos pensam festejar sobre o corpo de um defensor. As cortinas estão prestes a se fechar, e o novo espetáculo já é anunciado. Último suspiro, último delírio, último absurdo antes de tudo se tornar mudo, sem cor, sem rumo, para por fim renascer estrela-brilho-soturno ao lado de um sol de outono.

quarta-feira, 15 de agosto de 2007

.rpm sobre eu e tu!


"e mesmo que tu não saibas o que irá encontrar
ao tentar olhar para dentro de sua própria mente
não se impressione caso você encontre um lugar melhor para ficar..."


Como os tempos se mostram difíceis ultimante, e tu te mostra cada vez incapaz de superar os desafios mínimos que o acaso lhe impõe. Covarde, já não descobriste que se fosse fácil encontrar o caminho em meio às pedras, tantas pedras no caminho não seria ruim? Tu seria água! (eu)

E cá estou eu, sentada em frente a uma lareira... olhando silenciosa o porta retratos que não se cansa de mostrar que ninguém mais é justamente o que se pensava e nem eu, nem tu tem coragem hoje de olhar para trás e dizer que o dia está sendo ruim. (tu)

É esquivar-se categoricamente por meses, por simples medo ou displiscência de dar o ar da graça que é estar com alguém, que é tentar transcender uma barreira invisível que tu mesmo criaste. (eu)

Eu iniciei uma revolução a partir da minha cama, iniciei uma mudança de planos gigantesca e derrepente , após tudo estar aparentemente bem, mudei de novo e cá estou, onde nunca imaginei. (tu)

Isto que sinto hoje, é sentir que estamos prontos para planejar e criar mil planos em volta de um simples suspiro, é saber contornar as situações, é saber que virão tempos ruins como toda primavera sabe anunciar belamente o outono e inverno. O hoje ensaia ao vivo o que é saber que se tudo sobreviver ano após ano, nada será capaz de romper a barreira que criamos para conter o tempo que impiedosamente passa por debaixo dos nossos pés, nos impedindo de sequer saber que desde o momento que nos conhecemos estamos corajosamente nadando sozinhos, abandonados contra um corrente impiedosa que tenta arrastar cada um de nossos corpos para uma margem diferente do rio, mas nem mesmo o beijo sabor mel-amargo, nem os espinhos da flor, nem mesmo as lágrimas são capazes de permanecer para sempre, eles desistem, mas espero que nem eu, nem tu, não! (nós).

Revoluções por minuto sobre eu e tu!

sexta-feira, 10 de agosto de 2007

.acordes da sexta-feira-walk




It's been a month or two since I was sleepin' with you
I'm comin' home again
I've been to east and west, but baby I like best
The road that leads to you

Oh girl, it seems the whole wide world seems to say
Hotels that all look the same
Just seem to drive me insane
But I can't get away
Until I receive a call that tells me that will be all
And then I hop a plane

It's true, I'm not sure if you knew
I'm comin' home to you

Oh girl, it seems the whole wide world seems to say
Hotels that all look the same
Just seem to drive me insane
But I can't get away
Until I receive a call that tells me that will be all
And then I hop a plane

It's true, I'm not sure if you knew
I'm comin' home to you

I'm comin' home to you
I'm comin' home to you
I'm comin' home, baby

terça-feira, 7 de agosto de 2007

.apenas conte suas estrelas, estou em casa novamente!


É como um quadro que cai de repente
eu bato no chão de cansaço e apago
foi como um susto, como um rio, um lema, lama
como o alimento que escapou pelas frestas dos dedos
dos que em vão tentavam me apertar como água, e eu escorri

Eu ouso tecer no tear da memória e vida
insisto em crer que crio e nada sei
que mania é esta minha de inverter a pele
tentando mostrar um lado avesso deste sangue quente
que se mistura ao vento e ao cheiro das compotas vazias

É o emundo, o insensato o sem-nome que chega
é dar a cara para bater
é esticar em agosto com desgosto a mão para a palmatória da morte
que chega sorrateiramente com os prenuncios
de uma nova realidade

Se tu chegaste até aqui, ó cristão, te entregarás facil?
indagou ele, enquanto disfazia seu trilho do prato branco
com fogo brando e mãos trêmulas e úmidas de um suor adolescente

Que fazes para brindar o brio anêmico do meio ano, pouco mais
que queres de charco branco se sequer vê o tempo
se em breve te perdes frente ao relógio
que impiedosamente lhe estala no ouvido
despindo a verdade de que o tempo passa depressa
até mesmo para ti, estúpido.

Acho que já se pode desistir, acabar de tentar rimar hipocrisias
tornando-te fútil verdade,
e isto não é o que a humanidade ainda precisa.
não espere por tempos, nem sorriso cansado
ou tu abandonas as feridas escorridas dos copos de cerveja
ou teu último esboço se esvairá como a chuva
que desce podre pelas calçadas
sem nenhum acompanhamento de melodia

Pode vir agosto, torna-te bravo, torna-te forte
e venha que cá estou eu, brio em mente e valente para te enfrentar
Faça-te vento, me sufoque as narinas, me impeça a visão
porque nunca, nem mesmo hoje
deixarei amizade tardia cair na escuridão.

Cores por todos cantos da casa,
de onde lá na frente brotará minha morada, teu coração
e a morte que vem e colhe o lírio ainda com seiva
nem maduro, nem vazio, nem tão branco
que tampouco mostra esboço seja de bem ou de mal-me-quer

Mas tu que vens despida de agosto puta morte
nem magra, nem morta, nem mente, nem nada
não adianta sorrir e me lamber a face
e mesmo que o faça, não sinto medo quando me abraças
pois eu rio e não caio nos teus braços

segunda-feira, 6 de agosto de 2007

Notocactus linkii var. Buenekeri


Sobre o que é a arte (?) milenar do BONZAI, ou seja, a cultura de plantas em bandejas.
Na verdade a "cultura milenar" não é nada mais ou menos que intencional e conscientemente (?) agredir uma planta, não permitindo seu desenvolvimento natural. É a intervenção criminosa da mão e mente humana. Cultivar (?) o BONZAI significa atrofiar e mutilar uma planta e é castrar um vegetal. BONZAI é como o eunuco, ou a moça de quem é retirado o clitóris, práticas até hoje existente em tribos primitivas no continente africano e asiático, e que são práticas cruéis. A "arte milenar" da crueldade humana está viva nos BONZAIS.
Refletir sobre isto, sobre estes crimes contra a natureza é um desafio!

Rudi Werner Büneker
Naturalista, criador da primeira reserva brasileira de CACTOS.

Foram tantas histórias, tantos passeios pelo nordeste, tantas fotos e cenários vistos que são de causar inveja aos menos atraídos por viagens e aventuras.
O senhor Rudi, fotógrafo técnico, que em mais de 40
anos de profissão fotografou cactáceos em todo País, teve imagens publicadas e catalogadas em revistas alemãs e de outros lugares da Europa. Com sua câmera Canon buscou imagens do povo, da cultura, do habitat e da forma de vida vegetal mais primitiva que se tem notícia. Credor da teoria da evolução mostrada por Darwin, passeamos por diversos lugares, por diversas histórias e a lucidez que as fotos trazem em meio às palavras são impressionantes.

Sr. Rudi, apenas me resta agradecer pelas mais de 6 horas de conversa, histórias e conhecimento.

sábado, 4 de agosto de 2007

.não sei se isto é pecado!


um lugar para uma deusa (tu sabes que isto é para ti!)

oh deus, eu lhe preparei
um lugar no meu coração
entre os trapos e os ossos
e a minha sujeira

alguns pacotes de mentiras
pilhas de ansiendades
que acumulei e conservei
minha vida inteira

comprei wisky importado
preço queijo ralado
para ter algo mais que minha dor
para lhe oferecer

oh deus eu lhe preparei um lugar
no meu coração
mas acho que você
não vai aparecer

não eh um lugar espaçoso
mas no verão eh gostoso
mas algumas velhas amigas
sempre costumam chegar

e quando eh noite de lua
elas dançam semi-nuas
de um jeito que você deus
nao vai acreditar

mas contigo ao meu lado
não sei se isto eh pecado
tenho um certo receio
de poder dar o fora

oh deus eu lhe preparei um lugar
no meu coração
então de uma olhada
e depois vá embora!

eles dizem que você
que tudo sabe e tudo vê
fez da criação urbana sua obra prima
mas deus se foi você quem me criou
então vou lhe dizer
os erros que voces cometem ali em cima

pois para o entendimento
de todo o firmamento
me falta quase 100%
talvez eu seja incapaz

oh deus, eu lhe preprarei um lugar
no meu coração
eu espero que você,
o deixe em paz!

quarta-feira, 1 de agosto de 2007

.el centro de tu corazón


Quem diabos admitiu que tudo está perdido?
eu ainda tenho a oferecer o meu coração!

Tanto sangue que é capaz de criar um rio
mas eu venho diabos a oferecer o meu coração!

Nada será tão fácil, nada será assim
nada será tão simples como eu pensava
não é só chegar e oferecer a alma
que eu entregarei de bandeja, o coração!

É uma lua para os que nada podem
chegar e oferecer o coração!
como um documento inalterável
chegar e oferecer o coração!

Unir as pontas, unir num mesmo laço
me convencer a ir tranquilo, eu irei em forma d'algo
eu direi tudo, direi de coração
algo que me aliviará e um pouco mais
venha por favor me diga, me diga de coração!

como quando nada digo sei que só eu levarei
as ultimas palavras do meu coração

lá longe onde as estrelas nao alcancem
eu irei lá longe oferecer,
irei oferecer, o meu coração!

eu irei longe, oferecer esperanças
e irei lá de longe oferecer o meu coração!

eu falo da vida, falo mesmo que nada
trocaria minha casa,
por simples coração!

mas não admitirei que tudo que esta perdido
não admitirei que me levem o coração!