segunda-feira, 5 de junho de 2017

.das 2 vezes eu



Olhei o corredor e notei a porta do banheiro aberta.

Apertei o passo, baixei os olhos e sem espiar no espelho passei.

Não parecia daqueles dias espetaculosos, daqueles dias que se antecipa o ano todo.
Não era um dia claro, estava mais para nebuloso, que certamente poderia ser como outro dia qualquer de outono.

Os olhos são sempre sábios, não busque o horizonte e o que estava por vir temos a chance de ignorar.
Os ouvidos, não há quem os distraia, ensurdecer por um segundo não é possível, uma vez ouvido e eles não permitem deixar escapar.

Realizei, fui clonado. Alguém na calada da noite, havia me copiado.
Eu já não era mais um só, virei dois, mas havia algo ali me deixava intrigado.

Não era do mesmo tamanho, mas condenado a ter parte da mesma personalidade.
Não era dono dos mesmos sonhos, mas havia ali um ser igual a mim, dotado d'aquela estranha liberdade.

Que vontade de voltar ao tempo, de planejar tudo melhor.
Que vontade de avançar no tempo, só para ver e saber tudo o que vai acontecer decor.

E como saber o que vai ser de mim até lá,
E saber o que será de ti, ou mesmo até quando vou durar.

Ignorei o espelho mas me vi ali sentado, esperando para ter minha própria companhia.
Até achei que seria um dia normal, mas não depois de ouvir, Gus: café, com uma voz igual a minha.