quinta-feira, 30 de agosto de 2007

.uma moeda para cada milagre



Agora paro por aqui, me deixando levar pelo suave som da água límpida que rebate ao longe, ecoando nas baixas muretas da fonte enquanto o inverno se vai aos poucos, puxando com ele setembro, cobrindo o chão com folhas de um tom dourado pálido em meio a névoa fina que reparte o campo.

Paro aqui, depositando as minhas últimas moedas em forma de esperanças, para os últimos milagres escolhidos dedicadamente, um a um, e percebo que todos estão de certa forma neste emaranhado de sentimentos que só parecem fazer sentido quando estou contigo.

Como se hipnotizado estivesse em frente a um grande cesto de brinquedos, criança que ainda me sinto ao teu lado, escolho a dedo cada sonho pelas formas e cores que mais me atraem e também aqueles que prometem te trazer para o meu lado.

As vezes frente a fonte me distraio e me pego pensando no teu olhar e preso nos teus cabelos, imagino lá adiante um passear ao alvorecer com as mãos trançadas e os sonhos alinhados na altura do horizonte banhando teu rosto com o sol que se vai lentamente no finais-de-tarde que antecedem o verão.

Paro aqui, refletindo como o espelho da fonte repete o céu invertido na fotografia e forjo com toda minha força esta ultima promessa, nesta ultima moeda, e guardo nela carinhosamente todas as tuas superstições e segredos, lembrando que logo estará ao meu lado quem hoje me faz feliz, você.