Hoje o dia amanheceu estranho, inquieto, e não é o barulho lá fora, mas é o estado de cada coisa que parece não estar no lugar certo. Será que sou eu, deslocado de onde queria estar?
Insistentemente todos vêem as torres dos prédios arrotarem fuligem e poeira enquanto disfarçam-se de transeuntes e firmam sua rota como se fossem formigas em sua trilha de feromônios sem se importar com o que está em sua volta, apenas ocupadas em passar confiança para tudo e todos, inclusive para os que recebem mentiras em suas faces.
Hoje é o típico dia em que eu procuro até mesmo em meus bolsos algo que não sei o que. Procuro no olhar, na vida de cada um para chegar a lugar algum quando torno a lembrar o que eu estou procurando exatamente. Realmente não sei.
Não estou alegre, não estou triste, apenas não estou. Não estou explodindo em alegrias e a vontade é de voltar a tempos de infância, consertar pequenos erros - que às vezes eu lembro que cometi -, pedir perdão alguns segundos antes de ter falado besteiras que chatearam alguém que eu queria perto. Até mesmo para você!
Justamente agora, que tudo parecia estar se encaixando, andando, as rodas do tempo lentamente tomavam direção, o dia amanhece assim, estranho, inquieto. Maldito!
Será o anúncio da minha morte me visitando, que agora pensando que sempre que ela foi me ver, lá estava eu, abraçado em minha sorte fingindo não estar em casa, baixei o volume da música e fiquei em silencio deitado na cama? Que irionia. Mas como será ela será? Num assalto idiota, o sangue frio e brilho febril no olhar do menino louco logo cedo, que proferirá palavras de intimidação em busca do que eu tenho? Quem será num descuido no trânsito, um carro imprensado e lá entre as ferragens a sede matando aos poucos.
Todos estarão pensando como é estranho fala sobre isto, e realmente é, assim como é estranho estar querendo adivinhar o que se está sentindo. Será que todos ao meu redor estão bem? Todos irão com seus dias normais, corriqueiros em direção do trabalho, em direção de outro alguém sem se preocupar?
Queria poder te pedir olhando nos olhos, nunca mais fizeste o que um dia - eu disfarçando te pedi, mas na verdade te implorava -, e tu prometeste que te esforçaria. Isto seria uma limiar ridícula para explodir e o mundo desabar, eu te perderia? Acho que sim. Me perdoarias?
Mas se hoje nada importa, porque dar importância tão grande a algo tão banal, a algo tão insensato. Que bad trip você se meteu e eu junto fui até lá, te puxar de volta, pois também já não me reconheço mais. Vamos voltar?
Ainda tens o sonho de seguir rumo, de mãos dadas com este personagem estranho que em dias como hoje, tenta adivinhar o que está por vir, acuado, cheio de medos e pensamentos ruins? Aliás quando foi a ultima vez que me senti assim e realmente algo ruim aconteceu? Sinceramente não lembro. Coisas ruins aconteceram nestes últimos tempos, mas são tudo obras do acaso ou derradeiras conseqüências de nossos passos de dias atrás. Queria poder evitar.
Tomara que hoje seja apenas o dia da paranóia, procurarei sobre. Apesar de todos parecerem estar tão normais, será que devo concluir que estou vivendo outro calendário. Tomara que então seja só hoje este tipo de feriado.