sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008
.do avesso
Confesso, hoje acordei do avesso
estiquei o braço como se quisesse sentir que você ainda estava ali
já havia descansado o suficiente à tempos
então tentei me concentrar para pensar do porquê ainda tinha uma noite estampada lá fora
Suspeito estar com um defeito mecânico nos olhos
pois percebi que o entrava pela janela não era sol, não eram estrelas
mas um brilho magenta-neon de um céu recém acordado
e me senti como um tolo ao me arrastar até a sala pálida
Acredito ter algumas peças estragadas nos joelhos
e a lingua enferrujada de tanto não falar nada
me flagro diariamente postando cartas na caixa de correio
são mensagens para mim mesmo, mas cauteloso, jamais preencho o remetente
Sempre que caminho na rua à caminho de casa, me sinto deslocado em relação ao tempo de agora
sou engolido por uma bala de lata que percorre as ruas em formas de veias
carregando consigo o desamparo de almas, iguais à minha
que só querem chegar em casa para se sentir seguros e planejar o mesmo trajeto de amanhã, como se fosse preciso
Organizo meu dia em unidades alternativas de tempo plagiando descaradamente as centelhas da mente de Nick Hornby
marco as voltas do planeta na via-láctea de forma estranha e sempre ao primeiro passo fora do portão de entrada
sinto-me um pouco Cortez, The killer passeando por aí e saio vagarosamente sem fazer barulho algum
protegendo-me dos olhos misericordiosos vestindo meu colete à prova de balas, de hortelã
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