Agora paro por aqui, me deixando levar pelo suave som da água límpida que rebate ao longe, ecoando nas baixas muretas da fonte enquanto o inverno se vai aos poucos, puxando com ele setembro, cobrindo o chão com folhas de um tom dourado pálido em meio a névoa fina que reparte o campo.
Paro aqui, depositando as minhas últimas moedas em forma de esperanças, para os últimos milagres escolhidos dedicadamente, um a um, e percebo que todos estão de certa forma neste emaranhado de sentimentos que só parecem fazer sentido quando estou contigo.
Como se hipnotizado estivesse em frente a um grande cesto de brinquedos, criança que ainda me sinto ao teu lado, escolho a dedo cada sonho pelas formas e cores que mais me atraem e também aqueles que prometem te trazer para o meu lado.
As vezes frente a fonte me distraio e me pego pensando no teu olhar e preso nos teus cabelos, imagino lá adiante um passear ao alvorecer com as mãos trançadas e os sonhos alinhados na altura do horizonte banhando teu rosto com o sol que se vai lentamente no finais-de-tarde que antecedem o verão.
Paro aqui, refletindo como o espelho da fonte repete o céu invertido na fotografia e forjo com toda minha força esta ultima promessa, nesta ultima moeda, e guardo nela carinhosamente todas as tuas superstições e segredos, lembrando que logo estará ao meu lado quem hoje me faz feliz, você.
Um comentário:
que bonito isso.
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