terça-feira, 6 de março de 2007

.da história imortalizada

Certa vez, em uma pacata aula de cursinho, em meados de 2000, enquanto preparava-me para as provas seletivas do vestibular que ocorreriam tradicionamente no mês de janeiro, cabe lembrar que no mesmo ano eu ingressaria na faculdade de Ciência da Computação, fui indagado pela professoa que procurava insistentemente despertar interesse da turma em uma não muito dinâmica aula de literatura, sobre as origens das cidades mas principalmente pioneiros, fundadores, e também como não poderia faltar, nomes de bairros e ruas.

Erechim, que enquanto criança, sempre foi a cidade que sonhei morar, não tão longe da minha cidade natal, mas era onde eu imaginava estarem as principais diferenças entre grandes e pequenas cidades: pessoas e prédios e sim, realmente lá estavam.

Em um dos mais fantásticos e ousados saltos da minha vida, casei-me com uma garota que muito me permitiu e também porque não dizer guiamos um ao outro pelos sinuosos caminhos que seguiriam pelos próximos quase 6 anos juntos. (Obrigado mesmo!)

A cidade que outrora fora sonho, virou realidade em forma de blocos de concreto. Possuia um planejamento arrojado de facil localização e seu estilo europeu seguia conceitos muito interessantes, dividindo-se em duas metades por uma longa avenida que à nordeste da praça da bandeira foi batizada de Av. 7 de Setembro e sudeste, Maurício Cardoso.

Realmente nunca fui disposto a pesquisar sobre tais origens, mas Porto Alegre, há Porto Alegre... tampouco havia mudado para Erechim, surgiu como um oásis seco em meio ao vício insaciável de vida urbana que eu descobri que me consome dia após dia.

O sonho chegou, se tornou realidade e agora está debaixo de meus pés. Aqui, como na imaginação, tudo é diferente, tem cheiros, sabores, cores e movimentos em cada uma de suas partes. Das ruas mais calmas aos bairros mais modernos, dos redutos mais singelos com barracos e indigentes às exuberantes bairros.

Uma das ruas que mais chamou a atenção nestes ultimos dias é a Senhor dos Passos. A origem do nome, a pesquisa por saber de qual mente surgiu a idéia para tal viela ainda é um mistério, que será futuramente pesquisado. Não se trata de uma rua muito grande, localizada no centro de Porto Alegre, facilmente encontrada quando segue-se pela João Pessoa em direção ao centro, passando pelo complexo hospitalar Santa Casa.

Mas aqui cada canto possui uma característica, a poucos dias lia no jornal sobre a decisão da Secretaria de Planejamento definindo novos limites verticais para os bairros, sim, prédios com mais de 17 andares somente poderão ser erguidos quando estiverem localizados em avenidas, na Cidade Baixa o requisito de altura máxima são de 9 andares.

Tudo está ai para ser descoberto, tudo precisará ser revisto, são conceitos que parecem escritos nas paredes, contudo ainda oculto aos olhares mais desatentos, e não como pessoas, que mudam de rumo a todo instante. Cada tijolo faz parte de uma arquitetura urbana que não sairá do seu local, que ali permanecerá ao bel prazer do tempo até que um dia quem sabe, já em ruínas, venha a ser demolido para um novo nascimento...

Agora acredito que consegui conceituar o que os budistas chamariam de ouvir as pedras crescerem. Está tudo aí, tudo ao nosso redor. Mas por favor território desconhecido, não ouse se apressar, ainda preciso descobrir muito de ti antes que se vá embora!

Porto Alegre,
a cidade de pedras
encanta minha mente
enquanto lá longe
parte em barras o horizonte

Porto Alegre,
que acalma meus prantos
mostra-me novas visões de velhas historias
com os dia-a-dia, que nas margens do guaíba gentilmente se encerram.


Nenhum comentário: