terça-feira, 27 de março de 2007

.anacrônico

Tanto te admiro, tanto que já te disse. Te admiro mesmo que não tenhas percebido.

Sou daqueles simples garotos cegos e tolos e te admiro por algumas coisas que talvez nem todos tenham percebido, -impossível-. Pela tua forma inapelável de sorrir e comentar sobre como o prazer da leitura te encanta, mas não em ti e idiota ficar pensando que o que dizes é para mim.

Já eu, como os outros, sou igual. Tão igual quanto os vazios cadernos de jornal. Sabes, te invejo e o faço com tamanha força que diminuo ainda mais. Como queria fazer isto, como queria derrepente me livrar do vício das páginas já não mais brancas, já tão empoeiradas.
Eu queria poder dormir assim que o sol caísse, ser livre para sonhar e não ficar procurando mais 15 minutos de lucidez debaixo da luz, mais 15 minutos de dia. 15 minutos além do horário que não pára e já me faz atrasado. Queria segurar o trem que corta impiedosamente a cidade para terminar a última página. Queria mais 30 segundos de paciencia para escrever sobre mais 15 minutos.

Eu te invejo por não ter lido. Eu te invejo vergonhosamente por um minúsculo tempo pois jamais sentirei outra vez o prazer de abrir pela primeira vez "uma capa", respirar fundo e mergulhar nos parágrafos da primeira página sem saber o que encontrarei e incendiar sentindo o imenso prazer da primeira leitura.

Queria voltar no tempo e me encantar sempre como se fosse a primeira vez com as "grandes obras", me envolver com um "velho conto" ou sequer olhar com a mesma cara de tolo pensando, serão corretas as críticas sobre este "best-seller". Como queria poder ficar na dúvida, como queria conseguir ignorar tudo isto. Como queria voltar no tempo, como queria não ficar replanejando meu dia para encaixar mais um exemplar nas sempre tão iguais tardes cinzas, tentando torná-las coloridas.

Como eu queria ser mais ingênuo, mais errante, mais moderno. Como eu queria ser mais "EU" e não pensar em ti como uma obra e, novamente, como nos livros me envolver, querendo viver contigo a tua história!

3 comentários:

Anônimo disse...

É fácil. É só esquecer do mundo. É só viajar, nosentido mais amplo da palavra. =p

Anônimo disse...

Bom... mais profundo que um poço artesiano!!! Diria que tava pensando na Celeste quando escreveu, mas, acho que você tava é dentro da Celeste quando escreveu isso! :o)

Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.