terça-feira, 16 de dezembro de 2008

.da (re)Memória


É engraçado parar para pensar e ter certeza que as vezes as coisas não precisam ser explicadas, contudo outras por sua vez parecem possuir esta necessidade, este requisito.

E quando paro para pensar como cheguei aqui vejo que não tem o porquê explicar ou justificar atos acertados e principalmente atos falhos. Eu imagino que se por ventura algum dia eu feito alguma coisa diferente, se por ventura eu tivesse tomado uma cerveja a menos naquelas tardes de domingo na pedreira ou ainda se tivesse pedido pra misturar duas e não apenas uma dose de Stanheguer na long neck nas fatídicas noites de quarta, eu estaria aqui hoje?

Não, possivelmente não!

Se eu não tivesse feito um monte de coisas, e aqui já passo a olhar as coisas desta forma. Sob o olhar de quem julga ter precisamente acertado tudo que tinha de acertar (o mesmo digo para as que errei) e todas as coisas que deveria ter feito, e fiz, tivessem estas envolvendo a mim ou mais pessoas, tivessem estas me fazendo sorrir ou daquelas que me deixavam com aquele nó na garganta. Não que eu tenha desgosto ou simplesmente esteja dizendo que me traduzi de forma perfeita, mas é que o erro é necessário para que se aprenda e saiba que devemos mudar o rumo.

E nestas mudanças de rumo em que se muda a marcha, em que se para de amorcegar o jogo e se percebe que é hora de sair correndo contra a meta adversária e fazer um cruzamento rasteiro perfeito, com a força exata para o atacante entrar de carrinho, com bola e tudo. Lindo, simplesmente lindo.

Se hoje sabemos que aqui estamos devemos isto aos dias lá atrás. E aqui só fico orgulhoso de saber que nem tudo se perdeu na memória, o arquivo mais fantástico e mais vulnerável que já pude conhecer. Mas aí entram as formas misteriosas de que as coisas foram produzidas, como este lugar por exemplo, que servirá para algum dia lá na frente ler o que estava acontecendo 3, 5 ou 10 anos antes.

Nunca fui adepto da hiperdocumentação da minha vida, de selar tudo com textos que me lembrassem o que andava fazendo a cada dia, mas eventualmente faço fotografias que me levam ao passado, ou posto pequenas notas em lugares que sei que esquecerei que estão lá justamente como este que transcrevo para só depois encontrar de forma inesperada.

E como se fosse em um rewind gigantesco, me surpreendo com os trechos de 3 pequenos pedaços de papel que recebi pelo correio, pedaços pequenos de aproximadamente 5,5cm x 5,5cm grafados à lapis em letras garrafais trêmulas.

Guto, Eu e o Guga fomos no quartinho de defumação,
destruímos a torinha fechada pelo Guto,
enquanto na mais alta "acustidês"
o Javali encuca em acabar com o isqueiro
logo foi, salta a molinha
vazamos e o fuego não estourava nem derretia.
Tivemos que acabar com o gás e o fia da p... não derretia.

A maior façanha de um isqueiro do Lucídio.

B. de Cotegipe, 08 de março de 2000.
(Dia da Mulher)
Trecho da (re)Memória, que aconteceu à cerca de 8 anos e 6 meses atrás!

Nenhum comentário: