sexta-feira, 15 de junho de 2007

.seja bem-vinda senhora morte


Ando aqui relutante e largado, ouço meus próprios versos tal qual criança-morte lambe a sorte e passeia no parapeito de um arranha-céu ignorando inocentemente a vertigem e queda, mesmo já tendo caído uma vez.

É estranho sobreviver aos finais-de-tarde de garras-de-aço que me fatiam em mil pedaços cada vez que a certeza de que não vou conseguir te ver outra vez chega. Tudo já me faz reavaliar o sacrifício de haver-lo deixado todo, mesmo que tudo tenha acontecido bem antes.

Degustando o amargo gosto da estrada-morte, sinto o cheiro das cores dos outdoors que estampam ridiculamente as vias públicas e de forma sofrível admito, lembram você. É o todo traduzindo poeticamente o sangue deixado para trás enquanto me arrasto e me esfolo no asfalto ainda úmido da última chuva. São lágrimas de um céu roxo, antiquado e estúpido que me saltam à face e a cada instante afirmam a dura verdade de que nada mais poderá mudar isto que passou, fui eu mesmo que tracei este caminho e aqui estou.

Saudade-solidão, animal silencioso e astuto, um sentimento moribundo atendo a qualquer movimento te segue minuto a minuto te matando lentamente com uma suavidade angelical enquanto ninguém está te olhando.

Quando se caminha em silêncio na contramão da calçada desviando apenas de alvos óbvios você percebe que mesmo de olhos fechados nada lhe atinge, todas as pessoas desviam mesmo que você não tenha uma reação semelhante. Se simplesmente não se interpor no caminho de alguem, ela passará como todas as outras e eu não deixarei isto acontecer.

Engraçado é ver eu jogado aos seus pés para chamar tua atenção, me imaginar caminhando em sua direção com rosas vermelhas para lhe arrancar um sorriso e roubar-lhe um beijo ou simplesmente digitalizar meu amor e tu receber meu íntimo sentimento de querer-te por perto.

Queria ter uma máquina do tempo, queria parar o universo enquanto estivesse ao seu lado e acelerar a galáxia toda até que você voltasse à entrar em minha órbita. Garota-estrela, tens o brilho que eu ainda não tinha encontrado em outros olhos, tens o calor e a magia das noites quentes de verão que me fazem querer voltar correndo para os teus braços. Tens tudo e muito mais que eu sempre quis, assim como eu te ofereço tudo meu, mesmo não tendo certeza que será o suficiente.

Mesmo à milhas longe de você, fecho os olhos e sonho acordado em um dia te convidar para caminhar descalça suavemente sob pétalas brancas e rosa-champagne que recobrirão o chão e você com um sorriso estampado no rosto refletindo uma tímidez infantil linda, e de mãos-dadas te guiaria em direção à dias melhores que já vejo, estão lá a diante.

Aceitas?

2 comentários:

Unknown disse...

belíssimo texto.

Abraços...

apareça

Anônimo disse...

Eu ACEITO meu ANJO!!!!!

Bjos