A noite recém tinha ido embora e tão logo percebeu, abriu os olhos de forma súbita. Correu de imediato a visão por toda a habitação como se buscasse algo, mas desta vez sabia exatamente o que estava procurando. Aquela manhã de fim de inverno amanhecia soprando um vento quente, seco (isso que os mais puros chamam de brisa) deixando evidente que a primavera chegaria em poucos dias. Não estava adiantado tampouco atrasado, mas tinha despertado precisamente na hora em que deveria tê-lo feito.
Saiu da cama num pulo e mesmo ele, que não gostava de ensaios, pois acreditava que a vida precisava de espaço para poder circular guiada pelo tempo e seu cavalo alado, à algumas noites atrás havia deixado reservada sobre a cômoda sua melhor imaginação. Sabia que quando este dia chegasse não teria tempo a perder.
1461 dias, 6 horas, 4 minutos e 32 segundos pensou alto. Se contado progressivamente: dezoito horas do dia dezessete de setembro de dois mil e quatorze. Não soava como um recado claro, vivo, com caligrafia cursiva perfeita, mas sim como um bilhete borrado pela máquina de lavar. Mas não se enganava mais, seu coração estava aberto naquele momento e a brisa (isso que os mais duros chamam de vento quente) acariciava suavemente seu rosto. Tudo soava estranho, estranho e ao mesmo tempo lindo. A imaginação, as lembranças, as idéias...
...e naquela manhã, cansado de esperar, tomado de uma sede de sentimento que era visível no seu rosto, colocou um sorriso leve e saiu em busca da felicidade.
Feliz aniversário Gustavo, Feliz aniverásio Silent.